domingo, 13 de outubro de 2013

PROFESSOR - ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA... - PARTE 3 (FINAL)

Livro: PEDAGOGIA: REPRODUÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO
Lauro de Oliveira Lima Editora Brasiliense. Primeiros Voos Nº 9 /1982
PROFESSOR - ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA...
Terceira parte
A velha desculpa para o exercício desta guerra de opereta entre alunos e professores era que o mestre, sendo o guarda do conhecimento, da sabedoria, da perícia, precisava exercer a autoridade para transfundi-la na cabeça dos alunos, pois o enchedor de garrafas não pode trabalhar numa mesa que treme... Os velhos, nas civilizações antigas, eram respeitados (gerontocracia) precisamente por este motivo: precisamente não havendo escrita, tornavam-se os guardas da sabedoria, da experiência, da tradição, de tudo. É absolutamente idêntico o papel dos professores (gerontocratas)...  Mas esta desculpa já não vale: os conhecimentos, hoje, estão na bibliotecas, nos bancos de dados, nos satélites, na televisão, no cinema, nos gravadores, nos videocassetes. A humanidade descobriu, com a escrita, um meio para PRESERVAR a memória do grupo social sem depender dos velhos e dos professores. Os alunos, ao aprenderem a ler, deixam de precisar de recitadores (o lente medieval). Os computadores podem criar complexas situações de autoaprendizagem, dispensando, completamente, professores, reprodutores. Um armário de tapes de televisão substitui, hoje, por preço imensamente mais barato, toda a atividade do corpo docente com a vantagem (para os patrões) de tape não fazer greve... O professor-autoridade, o professor-conferencista, o professor-expositor ou explicador, o velho duce que nos legaram as civilizações clássicas e medieval... é uma “espécie em extinção”, como os dinossauros, diante da tecnologia moderna. Está nascendo uma nova espécie de professor...
A crítica a este fóssil sobrevivente dentro de uma civilização tecnológica vem de muito longe- Rousseau (1712) já dizia que “a mania pedantesca do mestre é sempre ensinar às crianças aquilo que elas aprenderiam melhor por si mesmas”. B. Shaw já captara com sua ferina ironia o erro fundamental da profissão magisterial: “se você ensina algo a alguém, ele não o saberá jamais”. Mais recentemente, os dois respeitados mestres da moderna epistemologia sentenciaram: a) G. Bachelard: descobrir é a única maneira ativa de conhecer: correlativamente, fazer descobrir é o único modelo de ensinar”. b) Jean Piaget: “tudo o que se ensina à criança impede que ela descubra ou invente”. Hans Aebli analisou, contundentemente, o método heurístico (chamado por uns “dialogal” que pretende substituir o velho discurso (exposição) do comandante ante as suas tropas ou de pregador perante seus fiéis (professar= proclamar, fazer confissão de fé). O método heurístico (dialogal) é intermitente (como o gorgolar da água que sai em golfadas da garrafa), fragmentário (atomiza a situação, o conhecimento, a teoria, em mil fragmentos deglutíveis, produzindo a perda de noção de conjunto) y sofístico (o condutor do diálogo- e Sócrates seu inventor era um sofista- pode dirigir a “discussão” para a conclusão que bem entender como se pode demonstrar através da técnica de “direção de conferências” que os norte-americanos ensinam aos executivos para dominarem as assembleias dos acionistas- ver Escola no futuro (de Lauro de Oliveira Lima. Ed. Vozes). Como se vê, nada resta como método expositivo (chamado na gíria escolar de “método da salivação” ou de “cuspe e giz”) ao moderno professor, consistindo o “método heurístico” ou “dialogal” um disfarce para salvar a figura do antigo pater famílias (o guia espiritual que, como o psicanalista moderno, termina ocupando, na mente do educando, o lugar da consciência). O que se busca, hoje, é “a morte do pai”, seja ele o tirano jupteriano ou o paciente guia espiritual que se transforma em guru “fazendo a cabeça” dos prosélitos. E sem pai para conduzir os indivíduos, só existe a “dinâmica de grupo” (grupo autônomo ou democracia).
O moderno professor (se não quiser ser eliminado pela televisão educativa, que leva, instantaneamente, o “discurso” a milhões de ouvintes, “discurso” que elimina todas as falhas), o moderno professor deve tornar-se mero animador que estimula atividade sensório-motora, verbal e mental dos alunos, propondo situações de complexidade crescente. Os verdadeiros educadores, já se vinham comportando assim em todos os tempos (mas como são raros verdadeiros educadores!). Em vez do diálogo entre mestre e aluno (situação fundamentalmente oblíqua e paternalista), o diálogo de todos com todos (democracia), o que se denomina discussão (ver Dinâmica de grupo no lar, na empresa e na escola- editora Vozes e Os mecanismos da liberdade, Editora Polis, ambos de Lauro de Oliveira Lima). O personagem moderno que mais se aproxima do modo como se deve comportar o professor atual é o técnico do time de futebol: orienta, dá instruções, corrige, estimula, mas não joga: “o professor não ensina: ajuda o aluno a aprender” (ver Escola Secundária Moderna, de Lauro de Oliveira Lima, editora Universitária). A microssociologia fornece, hoje, todos os elementos para fazer os alunos “jogarem”. Como se vê, voltamos às origens do sistema escolar: scholé (lazer) e ludus (jogo), pois o processo de desenvolvimento da criança só pode ser conduzido através de atividades livres, a partir das situações problemáticas que expandam o pensamento em todas as direções possíveis em busca de originalidade (“abertura para todos os possíveis”). O professor é como o agente catalítico cuja presença estimula e desafia as crianças que “jogam” (a discussão, mesmo em seus mais altos níveis, é um jogo). Nesta perspectiva, o ápice do êxito do professor é TORNER-SE DESNECESSÁRIO, suicídio profissional que só pode ser praticado pelos educadores que, em vez de fazerem da classe um palco para seu HAPPENING, fazem dela uma plataforma donde os jovens autônomos alçam voo para outras galáxias! ...
Há séculos os professores avaliam os alunos (metade do tempo dos cursos de formação de professores gira em torno do manejo desta arma mortífera sem a qual não haveria escola). Está na hora de os alunos avaliarem, também, os professores. Toda atividade que não sofre feedback (retroalimentação), incorporação corretora do efeito sobre a própria ação, auto regulação cibernética, tende a degenerar-se: a atividade do magistério é uma das poucas que não sofre censura, mesmo porque o fracasso é atribuído aos alunos (ver Escola Secundária Moderna, de Lauro de Oliveira Lima, editora Universitária). Se os professores recebessem o feedback de suas aulas (de sua atividade docente), disporiam de riquíssimo meio de auto aperfeiçoamento contínuo. Mas para isto é preciso primeiro renunciarem ao mandarinato e transformarem-se em técnicos de time... A moderna psicologia verificou que “quem acabou de aprender é quem está mais apto a ensinar”, isto porque ainda guarda a lembrança dos rodeios que foram que foram necessários para a aprendizagem (dinâmica de grupo). Os professores, pois, poderiam aprender de seus melhores alunos se não se fixassem na atitude de capatazes encarregados de fazer os operários trabalharem para o patrão...

PROFESSOR - ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA... - PARTE 2

Livro: PEDAGOGIA: REPRODUÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO
Lauro de Oliveira Lima Editora Brasiliense. Primeiros Voos Nº 9 /1982
PROFESSOR - ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA...
Segunda parte
Na raiz da palavra educação está o étimo dux, ducis, que em latim significa condutor, general, imperador, donde os franceses denominarem o magistério de mandarinato (não se deve esquecer que educere em latim significa, também, puxar a espada). O termo mestre ligado a dominus = dono da casa) é derivado de magis (mais) indicando o especialista, mestre-de-obras, contramestre (maître penseur) que conduz, na obra, os que não têm perícia. A palavra professor (do latim profieri, ir na frente gritando, ter uma profissão) lembra o procedimento dos vaqueiros que conduzem a manada aboiando (o aboio é uma espécie de melopeia sem palavras, parecida com o cantochão, cuja função é embalar o gado tangido através das veredas das caatingas). Lente, (lector, em latim) era, na Idade Média o indivíduo que lia para os alunos analfabetos (não havendo livros, não havia interesse em aprender a ler) os pergaminhos e os papiros, religiosamente guardados na biblioteca da universidade. O lente terminava por decorar o texto, passando a recitá-lo de cor, prática que veio até os nossos dias e que parece muito mais “brilhante” que as que usam ainda a sebenta, hoje transformada (sic) em “fichas de consulta” ou em retroprojetor... O professorado não tomou conhecimento da descoberta do poder multiplicador da imprensa e seus derivados (mimeógrafo, gravador, xerox, etc.) continuando a expor, oralmente, lições como faziam seus companheiros medievais que só dispunham de recitação. Desta forma os alunos não chegam sequer a aprender a ler... Instrutor (instruere), era entre os romanos, aquele que punha o exército em ordem de batalha, motivo talvez por que se reservou o termo para os professores de educação física e para os mestres de ofício. O termo mais comum, hoje em dia, para o processo pedagógico é ENSINO, tendo-se abandonado a expressão EDUCAÇÃO. Ensinar (do latim, in signum) significa “dar ou colocar um sinal”, cunhar ou assinalar algo, ato parecido, grosseiramente, com a atividade dos pecuaristas que marcam com ferro em brasa sua criação (e note-se que criação e criança têm a mesma etimologia. A diferença entre o “assinalamento” (marcação) do gado e o “ensinamento” (educação da criança) é que, em vez de ferro em brasa, os professores marcam os educandos com medalhas, notas e diplomas... É que a educação deixou de ser “criação” (nos dois sentidos do termo) para ser “diplomação”. O diploma é, precisamente, o documento que “assinala” (dá um privilégio) novidade histórica que só aparece no sistema escolar quando se torna mais nítida a divisão da sociedade em classes (o diploma passou a funcionar como “sinal” – ensino -  de “nobreza”). Mas só as autoridades tradicionais podem dar diploma (privilégios), donde a expressão catedrático aquele que senta na cadeira (cátedra) como imperador. Já não se trata, pois, de conduzir a tropa (educere), pois a guerra acabou mas da distribuição de benefitia (privilégio) feita pelo suserano, segundo seus caprichos (e como são caprichosos os professores, cada um com suas idiossincrasias). Como se tornam petulantes e enfadados quando estão certos do seu poder! Parecem o imperador, no circo, decidindo com o polegar para baixo quem deve morrer... Aprender (aptendere) é “pegar no ar” algo que foi jogado, como se faz quando alimentam-se os cães: joga-se o naco de carne para ser abocanhado, num pulo pelo animal. O professor joga, também, o “ensino” no ar, e o aluno que “apreenda” (aprenda) se quiser e como puder... Nenhuma semelhança com a mãe que ensina o filho a andar e/ou com o mestre que ensina o ofício ao aprendiz: os exames garantirão a eficiência do conferencista...
Através de todos os tempos e em todos os lugares, o professor foi sempre um tiranete que, inclusive, podia punir fisicamente seus discípulos, isto é, aqueles que estão sendo disciplinados (em latim, disciplina significa tanto ordenação como a “matéria” que se ensina). Se perguntarmos aos professores o que mais esperam de seus alunos, responderão uníssonos: respeito (e respeito, em latim, significa olhar para trás, demonstrando medo) quando seria de esperar-se que preferissem ser amados pelos alunos. A suprema ofensa dos alunos aos mestres é desrespeitá-los, isto é perder o temor a eles e passar a trata-los como parceiros. A virtude que mais se caracteriza é a autoridade, ato de tomar posse de algo ou de alguém. A hipótese seria que se estabelecesse um cordão umbilical entre o aluno e o mestre (aluno significa, em latim, aquele que é alimentado). Mas como amamentar um ser que nos teme?
Mais que conhecimento da matéria, o mestre exige do aluno bom comportamento (bem-comportado não é só aquele que transporta coisas com cuidado, mas também aquele que está “parado no porto” ou “por trás das portas” notando-se que, modernamente, a palavra comporta significa imensas placas de ferro que impedem o fluxo das águas de uma represa.)
Todos os ditadores têm, invariavelmente, cuidado com a “educação” dos jovens (meio de perpetuar sua ditadura) introduzindo no curriculum, sempre, esta disciplina denominada “moral e civismo” espécie de RDE (regulamento disciplinar do exército) para as novas gerações. A rebeldia é a suprema falta para os tiranos, e o bom “comportamento”, o objetivo final da educação, donde deve ser conduzida por um capataz. O professor foi sempre um chefete ou cacique com a agravante de exercer seu poder sobre crianças, o que se assemelha caricaturalmente à autoridade do EUNUCO sobre as odaliscas do harém do sultão. Muitos professores agem como condottiere ou führers frustrados (como os síndicos dos prédios de apartamentos) que exercem sua vocação em situação de “faz-de-conta” (“cachorro em curral de bezerros” - como diz, pitorescamente, um romancista conterrâneo). Em vão alguns educadores propuseram, há muito tempo, a adoção do self-government república escolar ou governo autônomo como método de disciplina: estes mandarins jamais abdicariam deste seu reinado de Gulliver no país dos anões...

PROFESSOR - ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA... - PARTE 1

Livro: PEDAGOGIA: REPRODUÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO
Lauro de Oliveira Lima Editora Brasiliense. Primeiros Voos Nº 9 /1982
PROFESSOR - ACIMA DE QUALQUER SUSPEITA...

Primeira Parte

Se num hospital os doentes começarem a morrer sistematicamente, a primeira suspeita é que os médicos são incompetentes. Se o edifício ameaça ruir ou as barrancas da estrada deslizam, todos apontam o engenheiro que os construiu como responsável. Se as safras anuais não alcançam o nível de rendimento previsto, provavelmente os agrônomos não exerceram bem suas funções. Se a empresa vai à falência, é que tem um mau administrador. Mas se os alunos não aprenderem... se são reprovados em massa, é que o professor é rigoroso! ... Em síntese, o professor é o único profissional acima de qualquer suspeita. Segundo afirmam os manuais tradicionais de pedagogia, a função do professor seria ensinar, e “se o aprendiz não aprendeu o professor não ensinou” – diz um slogan do TWI, método de ensino criado durante a última guerra pelos norte-americanos para apressar o treinamento de pessoal destinado às indústrias. Já é tempo de parar com esta mania de atribuir-se todo fracasso escolar aos alunos. Os genitores, por exemplo, mais honestos que os professores, criaram uma ESCOLA DE PAIS, na qual procuram descobrir seus próprios defeitos e falhas.
É preciso inventar um sistema de avaliação da competência e da personalidade do professor, sobretudo considerando-se que para esta profissão, salvo as exceções de praxe, acorrem os que não têm competência e/ou coragem para enfrentar o vestibular das “grandes escolas”, como medicina e engenharia. Nos cursos superiores de matemática, física e de biologia, invariavelmente optam pelo magistério os piores alunos, como se as escolas fossem a lata de lixo profissional. É sabido que os profissionais que fracassam em suas próprias profissões, vêm, quase sempre, refugiar-se no magistério. Os baixos salários pagos aos professores afastam desta carreira as inteligências mais brilhantes. Todas estas causas que se acrescentam ao desprestígio histórico da função (na Alemanha, por exemplo, os mutilados de guerra eram nomeados professores, sem se indagar sobre sua formação), reduzem o magistério à verdadeira sucata profissional, de onde emergem, aqui e ali, mas raramente, como a flor dos pântanos, verdadeiras “vocações” de educadores.
Existe uma constelação de especialistas (orientador, instrutor, repetidor, ortofrenista, logopedistas, neuropsicólogo, psicopedagogo, etc.) cuja função é recuperar os alunos que não conseguem aprender. As faculdades de psicologia expelem, anualmente, verdadeiro exército de especialistas em psicologia clínica (psicoterapia) cuja clientela serão os “mutilados” do sistema escolar, e ninguém suspeita quem seriam os responsáveis por esta “carnificina”. Nenhuma empresa, instituição, indústria, hospital trabalharia com a cota de fracasso do sistema escolar (evasão e reprovação), fato que vem de longe sem sensibilizar os professores e administradores resposáveis por este insucesso catastrófico. É imensa a literatura sobre crianças que não obtêm bons resultados nas escolas, e em torno delas fervilha um exame de especialistas cujo êxito profissional depende do fracasso escolar. Se o sistema escolar, de repente, ganhasse eficiência quanto à aprovação e a evasão, milhares de especialistas ficariam sem emprego e os quadros administrativos implodiriam por excesso de matrícula. Não existe, contudo, um único livro sobre a “incompetência dos mestres” para não se falar em ausência de diagnóstico referente a professores narcisistas, sádicos, ignorantes, blasés, enrolões, irritadiços, imaturos, neuróticos, etc., presença ameaçadora cuja hipótese dever-se-ia levantar, mesmo que não fossem sintomáticas as condições de recrutamento do magistério. Há professores que sequer aprendem a falar em público, apesar de precisarem passar a vida toda discursando... Quem ministra cursos de reciclagem sabe como o magistério está repleto de indivíduos imaturos, com grave problema pessoal, incapazes de enfrentar situações de tensão y de transmitir aos jovens um modelo de personalidade resolvida, donde não terem a mínima condição de motivar seus alunos para uma atividade produtiva. As crianças e os jovens, como os cães, logo percebem que o professor é mais inseguro que ele próprio y que nada dele poderão obter em matéria de orientação vital (Lebensplan). Jamais poderiam portanto, adotar processos didáticos, como a “dinâmica de grupo” em que explodem todos os problemas soterrados pela repressão familiar, escolar e cultural (a metodologia adotada não decorre, portanto de posições teóricas e / ou do reconhecimento da superioridade técnica de determinados processos pedagógicos, mas de problemas de insegurança pessoal). Provavelmente, grande parte do fracasso escolar é culpa exclusiva dos professores e da imensa máquina burocrática em que está encastelado (do bedel ou inspetor de classe ao Ministro da Educação).
Só teoricamente o objetivo do professor é ensinar. A maioria dos professores comporta-se como carcereiros ou guardas que vigiam o trabalho forçado dos presídios. Não tem a mínima preocupação sobre se está havendo, de fato, aprendizagem, certos de que dispõem das provas e exames para forçarem os alunos recalcitrantes a estudar (a parca aprendizagem que aparece nunca ocorre em classe, mas nas vésperas dos exames, portanto como efeito da coação). Grande parte de seu tempo é dedicada à disciplina, como ocorre no exército.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Movimento Construtor e a Pesquisa Ativa (Mutações em Educação)

Mutações em educação segundo Mc Luhan
COSMOVISÃO 1. 1984 Editora VOZES 17º edição Lauro de Oliveira Lima
21 “Uma rede mundial de ordenadores tornará acessível, em alguns minutos, qualquer tipo de informação aos estudantes do mundo inteiro” (pág. 49)
Um enorme arsenal de máquinas de ensinar (cujo arquétipo máximo será o computador) está sendo, aos poucos, preparado para complementar a atividade escolar. Prevê-se a substituição das       bibliotecas (?) por uma central satelitizada de computadores que fornecerão aos consultores qualquer informação que a humanidade tenha disponível. Pode-se imaginar como se tornarão ridículos os indivíduos eruditos (estas máquinas ambulantes de informação) quando a informação estiver à disposição de todos com um simples gesto de tocar um botão.
Pela televisão só a procuram quando a mensagem lhes interessa (Mc Luhan talvez esteja redondamente equivocado se tomarmos “o meio é a mensagem [massagem] ao pé da letra). Um quadro mural pode permanecer semanas na sala de aula sem que ninguém atente para ele, quase ninguém sabe descrever, de chofre, o mostrador do seu relógio... Falta ainda aos especialistas das RAV criar a “didática dos instrumentos de informação” a qual (segundo a teoria da assimilação de Piaget) é o
MOVIMENTO CONSTRUTOR E A PESQUISA ATIVA.
(atividade perceptiva)

Todas as técnicas escolares de fixação de aprendizagem serão consideradas como processo de robotização uma vez que é nos computadores que as informações serão acumuladas. O fichário particular, que fez a glória de tantos eruditos, passará a ser (multiplicado ao infinito) patrimônio coletivo: ninguém se dará ao trabalho de fichar dados se eles estão disponíveis na mesa de cabeceira através de um interruptor. A citação de extensas bibliografias que tanto envaideciam aos eruditos será uma inutilidade, mesmo porque não haverá mais “conhecimento privado”: todo o conhecimento da humanidade estará à disposição de todos. Ora, se o conhecimento planetário está contido nos computadores e disponível, para que passá-lo para a cabeça dos alunos? Só esse fato implica numa modificação total dos objetivos escolares. Aprender, no sentido skinneriano de resposta (learning) provocada automaticamente será o maior percalço do trabalho escolar: todo o cuidado do professor será não fixar respostas –padrão que obstruam a diversidade e a criatividade. Se um computador fosse preparado para criar e inventar soluções originais não poderia ter memória: uma memória é uma estereotipia do processo. Os computadores existem justamente para reproduzir ad nauseam, os pensamentos pensados pelo seu programador. Ora que vem fazendo a escola até hoje senão programar os alunos? Não é em vão que a atividade docente pauta-se por um programa...

segunda-feira, 24 de junho de 2013

O Método Psicogenético - Parte III (Pedagogia: Reprodução ou Transformação (Lauro de Oliveira Lima)


Livro: PEDAGOGIA: REPRODUÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO
Lauro de Oliveira Lima Editora Brasiliense. Primeiros Voos Nº 9 /1982
O MÉTODO PSICOGENÉTICO
Parte III
Se a inteligência, pois, desenvolve-se tanto ontogénica (individualmente) quanto filogeneticamente (complexidade do produto social), isto é, se a inteligência é uma construção histórica que, no caso da criança, acompanha seu crescimento biológico, (na medida em que o meio apresenta estimulações), a forma de educar deve ser PSICOGENÉTICA (educação pela inteligência).
O método psicogenético, pois, consiste em acompanhar, passo a passo, o desdobramento das possibilidades genéticas do crescimento das crianças para apresentar situações que estimulem a construção de estruturas “cada vez mais móveis, mais complexas, mais amplas e mais estáveis”. E em que consiste “criar condições”? Consiste em criar situações graduadas e sequenciais (de acordo com os estádios de desenvolvimento) em que o comportamento (sensório-motor verbal e mental) seja “forçado” a construir estas estruturas (equilibração entre assimilação e acomodação ou autorregulação entre o organismo e o meio: equilibração majorante). O organismo (a mente) só faz o esforço de construir novas estruturas, se entrar em desequilíbrio, isto é, se tiver que enfrentar um problema. Se não há desequilíbrio, se a situação não é nova e problemática, o organismo (a mente) tende a permanecer como estava (como é óbvio). Mas os organismos não vivem isolados (já vimos a importância da “população” no processo vital). Ora, o homem não é social (por instinto): tem que se socializar (aprender a cooperação). Desta forma a situação nova (problema) não deve ser proposta ao indivíduo, mas ao grupo. Ao resolver cooperativamente o problema, o indivíduo socializa-se. E aí temos os dois marcos fundamentais do método psicogenético: a) criar situações-problema compatíveis com o nível de desenvolvimento e b) estimular a dinâmica de grupo (afetividade, cooperação, socialização).
A atividade que se solicita do educando, pois, é inventar modelos de ação (podendo transformá-los em teorias, doutrinas, objetos, ferramentas, máquinas) e descobrir como funciona a realidade (criar, inclusive, modelos que ajudem a compreender a realidade). As disciplinas que concretizam modelos de ação são a matemática, a lógica, a moral, o direito, a política, a linguística, etc. e as que descrevem como funciona a realidade são a física, a química, a geologia, etc. e aí temos os dois polos entre os quais oscila o processo educativo: a) desenvolvimento progressivo da operatividade (subjetividade) e b) reconhecimento ou construção da realidade (objetividade). Na ultimação do primeiro processo (a) estão o pensamento operatório e o dialético. Quando ocorrem, têm por objetivo fornecer meios de ação eficazes e efetivos (êxito) ao indivíduo (comportamento procedural). O segundo processo (b) ocorrendo, tem por objetivo permitir ao indivíduo a concepção do modelo da realidade em que está inserido (compreensão – comportamento presentativo).
Mas o ser humano é capaz de a) ter desejos incompatíveis com as possibilidades de realização e b) dar interpretações imaginativas da realidade, cujo nexo é apenas a significação (“tudo pode significar tudo” = função semiótica). É o reino do vivencial e do afetivo objetivado pelo jogo simbólico (imaginação) e pelos produtos artísticos, reino em que o êxito e a compreensão são meros faz-de-conta. Por não ser objetivo este plano de ação, no deixa de ser essencial (em muitos momentos é o único que conta, como em alguns momentos lúdicos e nos altos níveis de afetividade). A educação não pode ignorar este aspecto fundamental do ser humano em que envereda na fantasia da imaginação e na onipotência dos desejos (pensamento simbólico ou função semiótica).

A construção destes modelos (sensório-motor, verbal e mental) é descrita por uma ciência denominada psicogenética. Mas quando a criança aparece no contexto histórico da vida grupal, já existe acumulado vasto arsenal de conhecimentos (em forma mental, verbal ou material), produtos culturais em suas formas terminais (não revelam, à primeira vista, o processo de sua construção: o número, por exemplo, aparece como noção sem história, o que não é verdadeiro, como se comprova). Descobrir como o conhecimento acumulado se formou ao longo da história da humanidade (como se a humanidade fosse um só homem que aprendesse, indefinidamente) constitui, hoje, uma ciência denominada epistemologia genética (história da noção de medida, por exemplo). Saber esta história ajuda, fundamentalmente, a criar situações para o desenvolvimento destas noções na criança. E aí temos as duas condições fundamentais da formação do futuro professor: psicogenética e epistemologia genética.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O Método Psicogenético - Parte II

Livro: PEDAGOGIA: REPRODUÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO
Lauro de Oliveira Lima Editora Brasiliense. Primeiros Voos Nº 9 /1982

O MÉTODO PSICOGENÉTICO
Parte II

Suponhamos que desejássemos construir um robô com possibilidade de praticar o máximo de ações (maximização) da melhor forma possível (otimização), mas não soubéssemos que circunstâncias solicitariam dele a atualização ou combinação das ações. Em que direção dirigiríamos nosso esforço construtivo? Evidentemente, na direção de criar o máximo de possibilidades de composição de movimentos (ações) para que o robô pudesse enfrentar qualquer situação. Entre estas combinações prováveis deveria estar a possibilidade de cooperação (fato sociocultural e político). O robô mais perfeito não seria o que tivesse o mais completo elenco de comportamentos estocados, mas o que fosse capaz de fabricar – aqui e agora, de acordo com a situação – o comportamento adequado (abertura para todos os possíveis), precisamente o que ocorre no desenvolvimento da inteligência. Uma situação é letal para um organismo na medida em que ele não dispõe da possibilidade de construir o comportamento adequado para enfrentá-la. As articulações de uma bailarina podem, por exemplo, impedi-la de dançar o balé, cujas formas exijam combinações de movimentos incompatíveis com suas articulações. Educar, por tanto, é estimular o desenvolvimento no indivíduo de estruturas com o máximo de possibilidades combinatórias intensas, pois as situações imprevisíveis, da mesma forma como o máximo de organização social é a que permita alta possibilidade de combinações entre os indivíduos, na conciliação dos interesses individuais (pacto social – “lei do máximo de lucros e mínimo de perdas”.). A educação, pois nada tem a ver com a “fixação da aprendizagem” (memorização, exercitação, adestramento, aquisição de habilidades, formação, etc.) Pelo contrário, consiste na estimulação de comportamentos (individuais o coletivos) originais e flexíveis, capazes de compor qualquer solução (criatividade).
Ora, o processo intencional (por oposição ao instinto e ao hábito que são automatismos inatos ou adquiridos) de fazer combinações comportamentais (isolada ou coletivamente) chama-se inteligência: capacidade de, ante uma situação nova ou problemática (presente, passada ou futura), construir por combinação o comportamento (sensório motor, verbal e mental) que a solucione (transpor obstáculos ou vencer ameaças ao organismo). Esta capacidade combinatória intencional (ligação de meios e fins) progride do nascimento à idade adulta, em estádios sucessivos (sensório motor, simbólico, intuitivo, operatório concreto e operatório abstrato), em rigorosa sequência, buscando estruturas “cada vez mais móveis, mais complexas, mais amplas e mais estáveis”, na medida em que exista estimulação do meio. Esta progressão, em certo nível, deixa de ser estritamente individual, passando a ser coletiva (cooperação: organização social). Pode-se, pois dizer que educar é estimular o desenvolvimento da inteligência.
Para alguns, esta meta pedagógica excluiria, por exemplo, a afetividade, a moral, os ideais. Ocorre que afetividade é, simplesmente, o tônus (comer vorazmente, abraçar carinhosamente, tratar o outro respeitosamente) com que uma ação (individual, mútua ou coletiva) é praticada, constatando-se que as possibilidades de estabelecer relações afetivas (amar, associar-se, respeitar o outro, cooperar, etc.) aumentam com o aumento do nível de desenvolvimento da inteligência (sensório-motora, verbal e mental). A cooperação (organização social) e os níveis elevados de consciência moral correspondem a altos níveis do desenvolvimento da inteligência. Aliás, não seria compreensível que os níveis sucessivos de Inteligência não interferissem na afetividade, na moral, no direito, na política, etc. Seria uma “esquizofrenia” cindindo o ser humano em duas metades independentes. Toda atividade (beijar, copular, construir uma mesa, pensar, etc.) apresenta dois aspectos: a) o modelo estratégico da ação que depende do nível da inteligência do agente e b) o tônus (interesse, garra, motivação, emoção positiva ou negativa) em que a ação é feita. É evidente que comportamentos altamente operatórios exigem refinada afetividade, caso contrário o impacto das emoções primárias perturbariam a construção de as filigranas destes modelos de comportamento. A afetividade varia com o nível de compreensão que o sujeito tem da situação. Variam, pois, os níveis de afetividade de acordo com o nível de inteligência!

domingo, 16 de junho de 2013

Pedagogia, Reprodução ou Transformação - O Método Psicogenético - Parte I

Livro: PEDAGOGIA: REPRODUÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO
Lauro de Oliveira Lima Editora Brasiliense. Primeiros Voos Nº 9 /1982

Introdução.
O processo educativo começou como uma simples puericultura e iniciação tribal. Aos poucos se foi espraiando ao longo do crescimento da criança, atingindo praticamente todo o período que antecede à maturidade. Fixou-se de forma sistemática nos cursos elementar, médio e superior, num período de cerca de dezesseis anos, dos seis / sete anos aos vinte e três/ vinte e quatro anos. Neste momento, dá-se um vigoroso alargamento deste período para baixo (pré-primário) e para cima (pós-graduação), sem se falar na “educação de adultos” e na “educação permanente”: chegamos, pois, à educação total. Não é mais o interesse de uma classe ou um momento histórico que está em jogo, mas o destino da humanidade. Chegou, pois, o momento de definirmos em que consiste esta ingerência no comportamento dos indivíduos, como são as pessoas que as instituições e as pessoas que a realizam e com que propósito, isto é, chegou a hora de dizermos O QUE É PEDAGOGIA?

O MÉTODO PSICOGENÉTICO
Parte I
... a pedagogia é a prática que tem por objetivo interferir, intencionalmente, e de forma sistemática, no processo generativo do ser humano, com o propósito de criar condições para que se atualizem todas as possibilidades construtivas do código genético na pressuposição de que: a) a construção do indivíduo resulta de interações do genoma (hereditariedade e o meio ‘cósmico’, psicológico e sociocultural) e b) o indivíduo vai atuar dentro de um grupo sociocultural com determinado nível civilizatório, em transição, devendo não só assimilar as regras, valores e símbolos de seu grupo (reprodução da sociedade), como também atuar dentro dele para que prossiga sua evolução (história). Em outras palavras a ontogênese (desenvolvimento do indivíduo, da fecundação ao estado adulto) ocorre dentro do processo filogenético (ou histórico). Ambos os processos são probabilísticos (dependem de interações imprevisíveis, formas e conteúdos), não se podendo colocar como meta (objetivo) da educação um modelo final fixo a alcançar de indivíduo ou de sociedade a alcançar, (a evolução não vai de alfa a ômega, como supôs T. Chardin: é apenas um processo probabilístico, de autorregulação cuja direção (telenomia) depende em cada momento da maior probabilidade, que aumenta à medida que aumentam as possibilidades de combinação).
Observando-se o que ocorre na ontogênese (desenvolvimento individual) e na filogênese (história dos modelos de organização social), pode-se dizer que ambos os processos se fazem no sentido de uma estruturação mais ampla e mais estável com partes, elementos ou subconjuntos cada vez mais móveis, o que permite variações compositivas de comportamento e de organização que tendem para o infinito (“abertura para todos os possíveis”). Este aumento de operatividade (majorância progressiva) permite alcançar os dois objetivos vitais dos organismos vivos: a) a ampliação do espaço vital e b) o aumento do nível de segurança (capacidade de enfrentar, com probabilidades progressivas de êxito, as agressões do meio e a entropia). Temos, pois, à nossa disposição, não um modelo acabado de HOMEM e de SOCIEDADE como meta da educação, mas a direção da maximização e da otimização do comportamento individual (sensório-motor, verbal e mental) e do comportamento coletivo (cooperação ou organização social e política da sociedade). É imprevisível (probabilismo) a forma que tomará o comportamento individual ou coletivo nos graus sucessivos de maximização e de otimização (majorância), pois tudo dependerá dos elementos em jogo. O que se sabe é que a progressão e um processo de autorregulação (equilibração), o que permite criar, artificialmente (intencionalidade), situações de desenvolvimento individual e de evolução coletiva: a intervenção no processo consiste na desequilibração, precisamente o que ocorre no processo espontâneo (“O comportamento como motor da evolução” – Jean Piaget).

domingo, 12 de maio de 2013

PARA ONDE VAI A EDUCAÇÃO?


Livro: “Por que Piaget?”
Editora VOZES, 1998
2
PARA ONDE VAI A EDUCAÇÃO?
 “Existem certas condutas muito precoces que devem ser qualificadas de inatas, cuja precocidade não depende de aprendizagem e que, na minha perspectiva, dariam lugar a construções bem ulteriores e, realmente construtivas, isto é, não predeterminadas hereditariamente. Ocorre, contudo e isto me alegrou muito, que nestes casos não há continuidade entre as manifestações iniciais e a reconstruções ulteriores.”
Jean Piaget
“A criança sempre precede o adulto”
J. M. Baldwin
Enquanto o pragmatismo e o sociologismo refletem em termos de adultos (para o pragmatismo o educando é um futuro produtor, enquanto para o sociologismo o educando é, apenas, militante político), para o psicologismo o educando jamais será um cidadão participante do processo social, em seus aspectos políticos e econômicos (trata o educando como uma eterna criança). Cada uma destas concepções deforma, a seu modo, o processo educativo. E o que leva educadores respeitáveis a estas deformações? Ao que parece, falta a estas posições de caráter estritamente ideológico a assimilação de recentes dados fornecidos pela pesquisa científica (psicogenética, epistemologia genética, biologia do processo evolutivo, microssociologia dos agrupamentos, compreensão sistêmica dos processos bio-psico-sociológicos, etc.). Velhas concepções do século XIX aparecem ainda como fundamentação de concepções educativas (teoria das faculdades mentais, instintos, hereditariedade da inteligência, reflexos condicionados, centros de interesse, educação programada, categorias mentais, etc. – vejam-se os programas dos cursos de formação de professores, em alguns dos quais Platão ainda é referencial teórico), não se tendo incorporado à reflexão os dados atuais da biologia, psicogenética, microssociologia, etologia, cibernética, etc., etc., etc. Como essas três propostas dispõem de enorme massa de dados verdadeiros (mas não suficientes) cada uma delas pode encastelar-se, indefinidamente, em suas posições com argumentos convincentes. Todo reducionismo é, por natureza, absolutista. Que contribuição o relativismo piagetiano pode dar a estas concepções monolíticas eivadas de emocionalismos, de preconceitos e de obsoletismo? A grande contribuição de J. Piaget à educação, foi fornecer elementos para uma pedagogia científica (a pedagogia apoia-se numa reflexão interdisciplinar). Desenvolvendo uma teoria que concebe os fenômenos bio-psico-sociológicos como construção sequencial, permite relativizar a noção de educando acompanhando seu desenvolvimento, desde o estado embrionário até a inserção no corpo social. O educando, para estas três “pedagogias” reducionistas, é um ser epistêmico definido a partir ou do sistema de produção ou da revolução social ou ainda de um nostálgico mundo ideal romantizado, em que não existe nem sistema de produção nem estrutura de dominação (poder). Ao pragmatista, lembraria J. Piaget que a criança passa por longo período de “esquizofrenia” (formação da função semiótica) em que a realidade tem menos poder “formativo” do que “o jogo simbólico” (fantasia) permanecendo totalmente dependente e incapaz de atentar para a necessidade de aquisição de know-how que garanta a sua sobrevivência. Advertiria ao socilogismo, que além da macrossociologia em que se desenvolve a luta política, existe uma microssociologia (sociedades infanto-juvenis) que prepara – numa espécie de útero sociológico – a assimilação das regras, valores e símbolos da sociedade adulta (durante a longa infância a criança não só não percebe os conflitos sociais como deles está protegida pela fantasia de um mundo irreal, em que todas os desejos podem ser magicamente realizadas). Chamaria a atenção do psicologista para a necessidade de “conquista da objetividade” o longo caminho ontogénico e filogenético da hominização (no sentido em que T. de Chardin usa este termo): a vida é uma equilibração entre o “princípio do prazer” (assimilação) e “princípio da realidade” (acomodação) – para falar numa linguagem freudiana tão a seu gosto...

domingo, 21 de abril de 2013

“... haverá uma revolução no que concerne aos papéis de aluno e professor.”

Mutações em educação segundo Mc Luhan*

Lauro de Oliveira Lima
Editora VOZES. Coleção: Cosmovisão 1. 17º edição.

13 “... haverá uma revolução no que concerne aos papéis de aluno e professor.” (P.44)

O professor – informador e o aluno – ouvinte serão substituídos pelo professor – animador e o aluno – pesquisador, mutação que já pode ser realizada amanhã, pois não exige investimentos com recursos materiais. O problema da pesquisa versus ensino será superado pela generalização da pesquisa: tudo na escola do futuro será atividade de indagação e desafio para descoberta de soluções novas. A velocidade da substituição do conhecimento eliminará a ideia de ensino e desafiará a pesquisa em todos os domínios mesmo das crianças do jardim de infância (ver Arte Infantil). A escola não será a “casa dos professores” mas a “casa das crianças” como já queria Montessori: a medida de sua organização não será o adulto mas seu mini – habitantes. Como na Idade Média, quando foram fundadas as universidades, os professores serão escolhidos pelo aluno, uma vez que serão meros “experts” a sua disposição. É mesmo possível que a função do professor despareça por generalização: todos os adultos passarão a ser “professores” das novas gerações como foi na aldeia tribal ... A ideia de ensino será substituída por uma auto – aprendizagem (ver A Escola Secundária Moderna) cabendo ao professor organizar criar situações (animador) em que os jovens se disponham a utilizar a informação de que está prenhe o ambiente. Ora, utilizar a informação do ambiente é simplesmente pesquisar. A atividade do aluno não se distinguirá, fundamentalmente, da do cientista. Não se tratará (como diz Mc Luhan) da mera dramatização do processo de redescoberta, mas de uma atividade, realmente, original. Dada a velocidade da mudança, o desafio que se proporá ao aluno versará sobre o “próximo passo” disparando um processo universal de criatividade. Também o operário da fábrica será desafiado a inventar a próxima máquina dando, realmente, um sentido construtivista universal à atividade humana. Em vez de cultivar-se a tradição, projetar-se-á, permanentemente, o futuro. Em vez de estudar-se história far-se-á prospectiva. Ora, tudo isto retira ao professor seu trunfo histórico de “depositário do conhecimento”: ele terá que colocar-se perante o desafio na mesma posição indagadora do aluno, podendo seus resultados inferiores aos obtidos pelos jovens, mesmo porque os jovens não possuem os percalços dos quadros mentais esclerosados próprios dos adultos.
Pags.27 e 28

*Herbert Marshall McLuhan (21 de julho de 191131 de dezembro de 1980) foi um filósofo, erudito e educador canadense. Professor de literatura inglesa, crítica literária e teoria da comunicação, McLuhan é reconhecido como um dos fundadores dos estudos sobre os meios, e passou para a posteridade como um dos grandes visionários da presente e futura sociedade da informação. No final dos anos 60 e princípios dos 70, McLuhan criou o termo aldeia global para descrever a interconexão humana em escala global gerada pelos médios eletrônicos de comunicação. É famosa sua sentença "o meio é a mensagem".

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O bom papel do intelectual: agitador social•

Roberto Amaral

Da personalidade riquíssima, multifacetada --e muitas vezes desconcertante de Lauro Oliveira Lima-- destaco aquela característica que mais me marcou e fascinou: a do pioneiro. Emprego o termo querendo pôr em relevo seu caráter mais essencial. Designo aquele desbravador que está fora do tempo, do seu tempo, antecipando-o (como os poetas, os cientistas e os visionários), e, portanto, chocando-se, porque o novo incomoda, a dúvida incomoda e as mudanças são sempre perigosas para os inseguros.
Aliás, eis um caráter distintivo do intelectual militante: o comprometimento com a mudança, a intervenção na realidade, o desprezo pela tradição, o inconformismo com o statu quo. O intelectual pioneiro -– e estamos em face de uma quase redundância— não teme ser temerário, conquanto que jamais seja omisso.
Assim, o pioneiro, qualquer pioneiro é, por definição um gauche, uma amolação, pois sua efervescência, por si só, denuncia a pasmaceira, a renovação denuncia o comodismo, o revolucionarismo denuncia o conservadorismo. Encontro agora o ponto mais distintivo de Lauro: sem ser necessariamente um homem de esquerda ---e eu o conheci udenista--- foi sempre e é –- como educador, como escritor, como intelectual-- um anti-conservador por excelência, um demolidor da paz, da 'ordem natural das coisas', do 'estava-constituído', do statu quo. Uma onda de vento espalhando a papelada bem arrumadinha da burocracia, um redemoinho na ordem pré-estabelecida. Incomodando, portanto. Esse papel de um quase iconoclasta não deriva de boutade. Ora, ocorre que o assentado necessita da imobilidade e Lauro jamais arrefeceu diante das resistências. Eu sempre o vi abrindo caminho, forçando passagens, brigando, discutindo, reclamando, mas, acima de tudo, confiando no outro, estimulando-o, sinceramente convencido de sua missão de construtor. Construtor de homens. Este o grande mérito de sua pedagogia.
A partir de uma formação educacional-formal conservadora ---o Seminário, como quase todos os de sua classe no Limoeiro do Norte do seu tempo--- Lauro, fez-se intelectual nos embates da vida. Mas armou-se desde cedo daquela característica que separa o simplesmente erudito do verdadeiramente culto: nele a dúvida, mais que um método de pesquisa e análise, é o caminho do conhecimento que leva à intervenção. Conhecer para modificar. Ou seja, na melhor tradição daqueles intelectuais que foram beber água na fonte do Iluminismo: nada de verdades acabadas; relativizar sempre as certezas, exercer sempre a contradição, procurar o desconhecido, pôr em xeque o nosso conhecimento e as nossas idéias confrontando-as com as idéias e os conhecimentos que as negam e contradizem.
Depois de professor, foi didata; depois de didata foi pedagogo, depois de pedagogo foi pensador, repensando a educação de seu país. Começando pela cátedra (isto é, a experiência prática, fatual objetiva), para terminar na formulação. Não terá sido mero acaso, por tudo isso, que o hoje doutrinador consagrado, o autor do já clássico Escola secundária moderna tenha começado com o projeto concreto de reformulação do ensino público no Ceará e a montagem de uma escola particular. Sem nenhuma contradição.
Talvez eu incida numa heresia ao afirmar como afirmo agora que este professor jamais teve a sala de aula, no sentido da cátedra e das quatro paredes, como o seu espaço preferido de trabalho. Ao contrário, sempre privilegiou estar atrás do que estava atrás da sala, sem ocupar o proscênio: a discussão dos métodos, a discussão dos conteúdos, a discussão em torno do que dizer e como dizer, fazendo da sala de aula não apenas a máquina retransmissora de conhecimentos, mas o instrumento dialético-vivencial formador de homens e opiniões. Repito de memória -- lá se vão tantos anos que nem vale a pena contar-- o que, se me recordo bem, era o seu lema e o lema que imprimia o seu Ginásio Agapito dos Santos, onde intentou pôr à prova, como cientista que se dedica à demonstração experimental, suas teorias educativas: Non scholae sed vita discimus. 
Essa inquietude fez do educador também um jornalista --outro magistério-- de combate, um cronista de seu tempo, bacamarte apontando permanentemente para o tradicional e o convencional. Ficaram famosas do público cearense --embora muitas vezes provocando mal-estares na cúpula do jornal-- as crônicas de Kleber Santos no O Povo, de Fortaleza (e quando elas serão reunidas em volume, para salvarem-se da dispersão e da vida efêmera das folhas?). O cronista trouxe à luz o crítico fino, irônico, o raciocínio arguto enluvado por uma prosa leve, saborosa mas contundente quando se tratava de ir fundo na questão. Nas mãos deste anatomista o bisturi atingia as profundezas da crítica.
Jamais conheceu o meio termo, fazendo, dizendo, agindo, ou pensando. Nunca se preocupou com o consenso, com a isenção. Se não lhe atraía provocar a malquerença, posso dizer, jamais cultivou as amizades fáceis. Optando sempre, escolhendo sempre, definindo-se sempre, exige a definição dos que o cercam; à isenção, ao distanciamento falsamente científico, responde como um apaixonado pelas coisas que faz, irradiando inimizades e paixões por onde tem passado. Por isso é um homem de poucos amigos, mas de amigos fiéis.
Essa inquietude fez de Lauro ---e é isso o que estou querendo dizer-- um político, sem jamais institucionalizar-se, ou ceder à tentação de sentar na cadeira do ‘medalhão’, ao contrário de tantos e quantos colegas de geração menos dotados de engenho e arte. Na sala de aula não fez mais que política. Sua obra é a busca de uma política de ensino. Diretor ou chefe da Seccional do Ministério da Educação no Ceará, dirigiu-a perseguindo políticas. Sua luta como Diretor do Ensino Secundário, no MEC, ao tempo de Paulo de Tarso e Darcy Ribeiro, foi dotar nosso país, de particular o ensino público, a escola pública, de uma política de ensino que visava não só à excelência da formação, como à democratização, via universalização, do acesso de todo brasileiro a esse novo ensino. Relembro a unidade universalização-excelência para garantir a democratização. 
Quando quase tudo havia feito, quando quase tudo havia escrito, decidiu fazer política de corpo inteiro, candidatando-se a deputado federal pelo PSB do Ceará.
Terá sido esta experiência um fato isolado, inconseqüente? Parece-me que não. Destaca ela, ao contrário, no teórico da educação, o objetivo que sempre perseguiu, na cátedra, no cargo público, na formulação como escritor e jornalista: intervir na realidade para transformá-la. Certamente sem consciência desse papel --desconfio de que jamais leu um texto de Marx--, sua vida toda tem sido responder afirmativamente à 11ª tese contra Feuerbach: "Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo diferentemente, cabe transformá-lo".
Qual o objetivo de sua pedagogia? Mudar o mundo. Como? Mudando o homem através do conhecimento ativo, voltado para a mudança. O conhecimento, a informação, a técnica destinados a transformar a realidade, fazendo-a menos iníqua. Portanto, tinha toda a razão a direita cearense quando, ecoando no Sul, o ferrava como agitador social. Não sei se ele gostará dessa afirmação, mas estou convencido de que este foi o mais importante dos papéis que desempenhou, agitando a província pachorra, mexendo com uma elite perversa, retrógrada, atrasada, fútil, incompetente, uma classe-média amedrontada, conservadora, um clero inculto e reacionário, um proletariado incipiente controlado pelas organizações burocráticas, um mundo agrário sem vida, dominado por coronéis decadentes, povoado de camponeses famintos derrotados sem luta, pois antes do latifúndio já os mata a seca. Vida intelectual ativa quase nenhuma. Vida política cingida por partidos políticos vencidos. Imprensa provinciana presa às tetas do governo, qualquer governo, ensino público primário e secundário aviltado, universidade provinciana em formação e já perseguindo os caminhos errados que a levariam nacionalmente ao colapso de hoje.
Voltemos ao tema ‘mudar o homem’. Tenho a impressão de que todo educador alimenta esse objetivo, ainda que dele não tenha, necessariamente, consciência. Não se trata simplesmente de passar e repassar conhecimentos destinados à breve caducidade na sociedade tecnológica. Trata-se de ensinar a vida. Procuro aí uma explicação para que o schollar da escola secundária moderna se tenha voltado, piagetianamente, para o ensino de crianças, do pré-primário, com um olho nos pequenos estudantes e outros nos pais, nas famílias recalcitrantes diante de qualquer infração à rotina, ao tradicional, ao tradicionalismo. E a escola tradicional – e ela impera no Brasil, principalmente a pública, a única que enseja a presença do pobre e pode assim contribuir para a democratização— é incompetente, insatisfatória e reacionária, num processo de piora notável, que mais se agudiza quanto mais os últimos representantes da classe média correm para a escola privada. É assim que a sociedade de classes aprofunda a desigualdade de classes.
Conheci e convivi com Lauro em diversificados momentos de nossas vidas. Muito menino, no Ginásio Farias Brito, onde cursava o primário, e Lauro assumiu a direção pedagógica do estabelecimento. No seu Agapito dos Santos, onde fiz o curso ginasial, como seu aluno de latim e português. Mais tarde, na universidade, eu líder estudantil esquerdista e Lauro educador/intelectual progressista no Ceará atrasadíssimo e, logo a seguir, diretor do MEC, onde tentamos um livro em comum cujos originais, que jamais lograram conhecer os prelos, terminaram por engrossar os dossiês dos muitos inquéritos que cada um de nós por seu lado respondeu depois dos idos de março de 1964. No MEC foi alcançado pela repressão que o homenageou com a cassação dos direitos políticos e o puniu com aposentadoria compulsória e proporcional. Que melhor reconhecimento quereria ele do acerto de sua obra? A terceira ou segunda fase de nossa convivência se deu nos anos de chumbo. Quase-clandestino e quase-exilado dentro de meu país, a caminho de um exílio no exterior que os fados decidiram frustrar, fui reencontrá-lo no Rio, saída obrigatória, na dura tarefa de assegurar a própria sobrevivência sua e de sua família. Aí emergiu um outro lado de seu caráter pessoalíssimo: o amigo generoso. 
O meu reconhecimento pelo seu significado tentei, com lucro, demonstrar da única forma que me pareceu objetiva. Entregando-lhe, na Escola piagetiana que montaria no Rio, a educação (formação) de meus três filhos. Que me ficaram gratos.
(1996)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Homenagem de Maria



 Queridos amigos,
Compartilho com todos essa carta. Emocionante relato de uma mãe inteligente, física e que teve 3 filhos na Chave.
Beijos
Beta



Beta,
Soube pela Lia da morte de Lauro e queria te dizer que fiquei com a sensação de que estamos um pouco mais sozinhos. Gostaria de compartilhar um pouco com você a tristeza desse momento.

Lauro modificou minha visão de educação desde os primeiros meses de convivência com o método psico-pedagógico na Chave do Tamanho. Acompanhei o desenvolvimento dos meus filhos com profundo interesse não só de mãe como de professora. Via o modo como eles aprendiam a lidar com os problemas, tranquilos e cheios de auto-confiança, não porque o colégio era fácil mas porque a cada etapa sabiam onde estavam pisando. Resultado do trabalho continuado e quase intransigente de vocês em levar a efeito os estudos de Piaget.

Lauro mostrava que ensinar a pensar é saber ouvir, mais do que saber falar. As respostas que as crianças nos dão dizem se o que falamos tem sentido para elas. Lembro de Lauro,com seu jeito irônico e provocativo, dizendo a nós, aturdidos pais,  que cada coisa tem seu tempo; aos pais  ansiosos dizia calmamente que as crianças precisam contar palitinhos e grãos de feijão antes de somar números no papel. Querendo dizer que não adianta pular etapas, é inútil.

Esse foi o maior ensinamento que Lauro me transmitiu. Foi tão marcante que durante anos tentei usar essas ideias nas aulas de física, o que, por diversas circunstâncias da vida acadêmica, só há pouco tempo pude levar a efeito, como você sabe. No ensino da física, mesmo na universidade, algo muito semelhante à educação das crianças acontece. É inútil “explicar”. A nossa linguagem não foi feita para os conceitos científicos. Hoje levo os alunos para o laboratório antes de tudo. O experimento é a atividade concreta da física, os “grãozinhos de feijão” do aprendizado da física; os alunos constroem o formal depois, com muito mais segurança. Não foi fácil no início, como não deve ter sido fácil no início da Chave do Tamanho, porque não existe um caminho discernível quando enveredamos no método, ele se faz com o tempo.

A triste notícia de que Lauro nos deixou torna-se ainda mais triste quando vemos que ainda existem poucos seguidores para suas ideias - imagino que isso não o incomodava muito, por causa de sua personalidade forte e porque acreditava no que fazia. Perdemos nós. Tenho esperança de que um dia o método psico-pedagógico que ele fundou venha a ser mais conhecido e aceito. Afinal, o vácuo educacional do Brasil não deixa de ser também um espaço aberto para mudanças.

Um grande abraço para você e sua família,
Maria.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Missa 7o. Dia Professor Lauro de Oliveira Lima


Falecimento Professor Lauro de Oliveira Lima


Lauro de Oliveira Lima, meu pai, meu amigo, meu Mestre, meu guia pela vida toda ...

  Um homem de idéias, ações e convicções fervorosas. E ao mesmo tempo um homem flexível e aberto às possibilidades de seu tempo e do tempo que viria. Lauro de Oliveira Lima sabia, desde o início da vida, que sua missão não seria fácil, e estava preparado para enfrentar os desafios. Ser visionário, é ter visão. Não apenas a visão de seu tempo, mas a aquela que permite enxergar para além da cortina de fumaça que o dia a dia impõe a maioria. E Lauro de Oliveira Lima enxergou além.
   Nunca foi de pequenas causas ou coisas. Tudo que fez foi superlativo, desde o arranco de uma situação de miséria extrema na caatinga nordestina para o reconhecimento internacional de sua obra, passando por vasta prole que criou com sua amada Maria Elisabeth, a saudosa Beinha. Desde a saída de uma profunda depressão causada por sua prisão nos cárceres da ditadura militar para a produção de uma obra fundamental para a Educação Brasileira. Enfrentou de tudo nessa vida, sempre com a espinha reta, sempre com o olhar de quem procura as grandes soluções, maior que seu tempo, maior que seus detratores, maior que a mediocridade. Sempre maior.
   Mais de trinta livros sobre Educação. Criador do Método Psicogenético e autoridade no assunto reconhecido pelas inúmeras comendas, títulos, homenagens de todos os tipos. Amado por suas idéias vanguardistas e por isso mesmo também odiado por aqueles que temem a mudança. Inspirador de gerações e agente de transformação de inúmeras e incontáveis vidas ao longo de sua trajetória. Homem de família, pai, avô, bisavô e amigo, sempre interessado no desenvolvimento de toda sua descendência. Amoroso a seu modo, carinhoso do seu jeito. O jeito de quem percorreu a vida fazendo valer suas idéias lutando sempre, mesmo que contra exércitos extraordinariamente mais fortes.
   Lauro de Oliveira Lima foi, é e sempre será  uma necessidade. Sem homens como ele, o mundo seria de uma pasmaceira absoluta. Lauro de Oliveira Lima foi, é e sempre será um “motor da história”. E como a humanidade não é generosa com aqueles que tem a capacidade de mudar seu modo de ser, veremos ainda seu nome brilhar quando, finalmente, essa mesma humanidade estiver preparada para entender que inteligência é algo maior, que pode ser desenvolvida e que é a única ferramenta viável para o mundo que já estamos vivendo e que será, em formato extremo, o mundo de nossos filhos.
   Estamos de luto. Mas voltaremos a publicar em breve, divulgando sua obra e propagando seu legado.
Beta
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