domingo, 31 de janeiro de 2016

Por que Piaget? - IX - 2a parte

Por que Piaget?
A educação pela inteligência
Lauro de Oliveira Lima
Editado pelo SENAC
São Paulo – 1980

IX – A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONQUISTA DA OBJETIVIDADE NA CRIANÇA (ONTOGÊNESE) E NA HUMANIDADE (FILOGÊNESE) –
Uma nova teoria do comportamento e da evolução.

“Chegou o tempo de novas alianças entre a história dos homens,
sua sociedade, seu saber e a aventura da exploração da natureza”


Prioigini (Prêmio Nobel de Física e
   Strengers, “La Nouvelle Alliance”
Gallimard, 1980.

“Quando se faz uma adição… sabe-se fazer todas as adições”
Jean Piaget



ALGUNS POSTULADOS QUE J. PIAGET PRETENDE TER COMPROVADO.
2 ª parte
6
            A tendência do organismo (de todo organismo) é: a) ampliar seu espaço vital e b) aumentar seu poder (de ataque e de defesa) perante a realidade (sobrevivência); dessa forma não se limita a um equilíbrio (homeostase) com relação ao meio; toda vez que supera um desequilíbrio (lacuna, agressão, perturbação, etc.) aumenta sua operatividade (equilibração majorante) e nisso consiste o desenvolvimento mental (ontogênese) e a evolução da espécie (filogênese).
7
            O desenvolvimento mental da criança (ontogênese) e a evolução da espécie humana (filogênese), pois, consistem num aumento progressivo (equilibração majorante) da operatividade (motora, verbal e mental), segundo modelos matemáticos (categorias, morfismos, funções, estruturas-mães, etc.).

8
            O comportamento ou atividade, (motora, verbal e mental) tende a manifestar-se, ao longo do desenvolvimento e da evolução, segundo modelos cada vez mais móveis, amplos, abrangentes e plásticos, até alcançar a possibilidade de todas as combinações possíveis (abertura para todos os possíveis): o máximo de equilibração corresponde ao máximo de possibilidades (flexibilidade).

9
            Segundo J. Piaget, a evolução, ao chegar num determinado primata, implodiu os instintos, substituindo-os pela inteligência (capacidade de enfrentar as agressões do meio, mediante construção de estratégias originais). O homem não só não tem instintos como não tem categorias a priori (segundo o modelo kantiano): tudo na criança e na humanidade irá ser construído a partir de um a priori funcional (modelo de funcionamento: equilibração majorante).

10
            A construção do comportamento (motor, verbal e mental) passa por etapas bem nítidas que se seguem em rápida sequência (estádios), construção probabilística que se constitui por auto regulação (semelhante à homeostase e à homeorese da embriologia biológica). Essa construção é uma probabilidade, dependendo de solicitações (agressões) do meio (desequilíbrios que exigem reequilibração majorante).
... (Continúa)


domingo, 17 de janeiro de 2016

Por que Piaget - IX - 1a parte

Por que Piaget?
A educação pela inteligência
Lauro de Oliveira Lima
Editado pelo SENAC
São Paulo – 1980

IX – A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONQUISTA DA OBJETIVIDADE NA CRIANÇA (ONTOGÊNESE) E NA HUMANIDADE (FILOGÊNESE) –
Uma nova teoria do comportamento e da evolução.

“Chegou o tempo de novas alianças entre a história dos homens,
sua sociedade, seu saber e a aventura da exploração da natureza”


Prioigini (Prêmio Nobel de Física e
   Strengers, “La Nouvelle Alliance”
Gallimard, 1980.

“Quando se faz uma adição… sabe-se fazer todas as adições”
Jean Piaget

ALGUNS POSTULADOS QUE J. PIAGET PRETENDE TER COMPROVADO:
1ª parte
            Desde Aristóteles, até hoje, todos os cientistas da área das ciências do homem estiveram de acordo que o “conhecimento” ou a “vida mental” procede da percepção, tida como porta de entrada da realidade da mente. J. Piaget contesta, drasticamente, essa suposição: o “conhecimento” (mesmo o conhecimento figurativo, como a imagem mental) procede da ação.
2
            Do ponto de vista figurativo (ou presentativo), a atividade do organismo, como um pantógrafo, “manipula” o objeto para construir a realidade (atividade perceptiva) e interiorizá-la através da imagem mental (imitação):                      a) a percepção em si é um fato fisiológico “cego”, não fosse a “atividade perceptiva”, isto é, não fosse a atividade analítica da inteligência e
b) a imagem mental é mera imitação interior do objeto (não é, portanto, produto da percepção, mas da atividade).
3
            Do ponto de vista procedural (ou motor e operatório), o pensamento provém da “lógica das ações”, ganhando, progressivamente, autonomia quando se interioriza e adquire as reversibilidades (por inversão e por reciprocidade). Pensar é agir (ação motora, ação verbal e ação mental). Daí a psicologia piagetiana, que penetrou profundamente na “caixa vazia” (consciência, vida mental, atividade neurônica, etc.) continuar a ser a “ciência do comportamento” (para J. Piaget, a linguagem e o pensamento são formas de atividade).
4
            J. Piaget, distingue dois tipos de abstração (dois tipos de resultados da ação): a) abstração a partir do objeto, que fornece ao pensamento uma espécie de maquete da realidade, permitindo que a atividade se desenvolva segundo os “atributos” dos objetos (experiência física ou conhecimento da realidade) e b) abstração a partir da ação, através da qual a atividade “toma consciência” da forma como age sobre os objetos, impondo-lhes determinada ordem (experiência lógico-matemática). O encontro desses dois resultados da ação dá o grau de objetividade do indivíduo e o nível do conhecimento científico.
5
             O comportamento (motor, verbal e mental) resulta, portanto, de uma construção determinada por um compromisso (equilibração) entre a assimilação (esforço do organismo em conformar a realidade a si próprio) e a acomodação (adaptação do organismo à realidade): o resultado, pois, é uma probabilidade.

... (Contínua)
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...