Por que Piaget?
A educação pela inteligência
Lauro de Oliveira Lima
Editado pelo SENAC
São Paulo – 1980
IX – A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONQUISTA DA
OBJETIVIDADE NA CRIANÇA (ONTOGÊNESE) E NA HUMANIDADE (FILOGÊNESE) –
Uma nova teoria do comportamento e da evolução.
“Chegou
o tempo de novas alianças entre a história dos homens,
sua
sociedade, seu saber e a aventura da exploração da natureza”
Prioigini (Prêmio Nobel de Física e
Strengers,
“La Nouvelle Alliance”
Gallimard, 1980.
“Quando se faz uma
adição… sabe-se fazer todas as adições”
Jean Piaget
ALGUNS POSTULADOS QUE J. PIAGET PRETENDE TER
COMPROVADO:
1ª parte
Desde
Aristóteles, até hoje, todos os cientistas da área das ciências do homem
estiveram de acordo que o “conhecimento” ou a “vida mental” procede da percepção, tida como porta de entrada
da realidade da mente. J. Piaget contesta, drasticamente, essa suposição: o
“conhecimento” (mesmo o conhecimento figurativo, como a imagem mental) procede
da ação.
2
Do
ponto de vista figurativo (ou
presentativo), a atividade do organismo, como um pantógrafo, “manipula” o
objeto para construir a realidade (atividade perceptiva) e interiorizá-la
através da imagem mental (imitação): a) a percepção em si é um fato fisiológico “cego”, não fosse a
“atividade perceptiva”, isto é, não fosse a atividade analítica da inteligência
e
b) a imagem mental é mera imitação interior do objeto (não é,
portanto, produto da percepção, mas da atividade).
3
Do
ponto de vista procedural (ou motor
e operatório), o pensamento provém da “lógica das ações”, ganhando,
progressivamente, autonomia quando se interioriza e adquire as reversibilidades
(por inversão e por reciprocidade). Pensar
é agir (ação motora, ação verbal e ação mental). Daí a psicologia
piagetiana, que penetrou profundamente na “caixa vazia” (consciência, vida
mental, atividade neurônica, etc.) continuar a ser a “ciência do comportamento”
(para J. Piaget, a linguagem e o pensamento são formas de atividade).
4
J.
Piaget, distingue dois tipos de abstração (dois tipos de resultados da ação):
a) abstração a partir do objeto, que
fornece ao pensamento uma espécie de maquete da realidade, permitindo que a
atividade se desenvolva segundo os “atributos” dos objetos (experiência física
ou conhecimento da realidade) e b) abstração
a partir da ação, através da qual a atividade “toma consciência” da forma
como age sobre os objetos, impondo-lhes determinada ordem (experiência
lógico-matemática). O encontro desses dois resultados da ação dá o grau de
objetividade do indivíduo e o nível do conhecimento científico.
5
O comportamento (motor, verbal e mental)
resulta, portanto, de uma construção determinada por um compromisso
(equilibração) entre a assimilação (esforço
do organismo em conformar a realidade a si próprio) e a acomodação (adaptação
do organismo à realidade): o resultado, pois, é uma probabilidade.
... (Contínua)
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