Lauro de Oliveira Lima
Editado pelo SENAC
São Paulo – 1980
IX – A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONQUISTA DA
OBJETIVIDADE NA CRIANÇA (ONTOGÊNESE) E NA HUMANIDADE (FILOGÊNESE) –
Uma nova teoria do comportamento e da evolução.
“Chegou
o tempo de novas alianças entre a história dos homens,
Sua
sociedade, seu saber e a aventura da exploração da natureza”
Prigogine (Prêmio Nobel de Física e
I.Strengers, “La Nouvelle Alliance”
Gallimard, 1980.
“Quando se faz uma
adição… sabe-se fazer todas as adições”
Jean Piaget
ALGUNS POSTULADOS
QUE J. PIAGET PRETENDE TER COMPROVADO:
3ª parte
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Circunstâncias
micro e macro ecológicas, podem frenar, parcial
ou totalmente, essa construção, tanto com relação a determinados indivíduos
quanto com relação a determinadas classes sociais (proletariado, mulheres,
etc.). Falta de condições estimulantes (de desequilíbrios) podem explicar o
estado sócio antropológico de determinados agrupamentos humanos isolados
(nossos indígenas, por exemplo),
determinando as regras, valores, e símbolos de sua interação social (fato
social): os fatos sociais estão relacionados com o desenvolvimento médio dos
indivíduos que constituem o agrupamento (por isso existe uma sociologia
infantil).
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Todos
os homens, todos os lugares e de todas as raças, seguem (comprovação de campo)
a mesma sequência de desenvolvimento, uma vez que cada estrutura posterior
depende (substituição, diferenciação e integração) de estruturas anteriores
(não se pode chegar à noção de número sem a constituição das estruturas de
classe, série e correspondência, da mesma forma como não se pode medir sem o
domínio das estruturas de deslocamento e de partição). Só existe um modelo de homem (se o modelo fosse
outro, já seria outra espécie). Dessa forma, existe, apenas, uma forma de
conduzir a “educação” do homem, estimular o aparecimento de estruturas cada vez
mais móveis, mais amplas, mais estáveis...
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A
construção do comportamento, da vida mental e da linguagem, (meros
substitutivos ou dublagens do comportamento motor) parte de montagens hereditárias (que a teoria da
evolução e a embriologia explicam). Cada nova estrutura, daí para frente,
depois de construída, serve de a priori para a estrutura seguinte
(funcionando, portanto, como se fossem inatas). Estabelecida (construída) uma
estrutura, seu funcionamento passa a comportar-se como uma axiomática, um
hábito, um automatismo, uma estratégia, donde J. Piaget dizer que “o instinto é
um hábito hereditário e o hábito é um instinto adquirido” (construtivismo
sequencial).
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As
estruturas iniciais extremamente simples (inteligência curta, cujo modelo é o reflexo condicionado), tendem a
complicar-se (assimilação mútua e integração das estruturas: a integração das
classes, séries e correspondências produz a estrutura de numerar), tornando-se,
cada vez mais móveis, amplas e estáveis
e capazes de antecipar qualquer agressão do meio (ampliação do espaço vital e
do nível de segurança). Essa capacidade ampliada provém das possibilidades
progressivas de combinações
(motoras, verbais e mentais) das ações
(operacionalidade), tendendo (abertura) para todos os possíveis (que respeitem
a coerência interna das estruturas).
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Para
J. Piaget, não há estruturas (motoras, verbais e mentais – Chomsky – e
intelectuais) hereditárias: a hereditariedade cria, apenas, possibilidades para que a equilibração majorante construa,
lentamente (e a lentidão é importante em educação), estratégias encaixadas que
se integram progressivamente. Para Piaget, a atual discussão sobre
hereditariedade da inteligência é um equívoco epistemológico; os discutidores
não levam em conta a sequência das estratégias nem analisam os modelos de
comportamento com que jogam na discussão (a capacidade máxima de uma bailarina
dançar um balé complicado é determinada pela “hereditariedade” de suas
articulações); a hereditariedade cria, apenas probabilidades, tudo mais
dependendo da equilibração majorante...
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Continua...
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