domingo, 17 de janeiro de 2016

Por que Piaget - IX - 1a parte

Por que Piaget?
A educação pela inteligência
Lauro de Oliveira Lima
Editado pelo SENAC
São Paulo – 1980

IX – A CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA E A CONQUISTA DA OBJETIVIDADE NA CRIANÇA (ONTOGÊNESE) E NA HUMANIDADE (FILOGÊNESE) –
Uma nova teoria do comportamento e da evolução.

“Chegou o tempo de novas alianças entre a história dos homens,
sua sociedade, seu saber e a aventura da exploração da natureza”


Prioigini (Prêmio Nobel de Física e
   Strengers, “La Nouvelle Alliance”
Gallimard, 1980.

“Quando se faz uma adição… sabe-se fazer todas as adições”
Jean Piaget

ALGUNS POSTULADOS QUE J. PIAGET PRETENDE TER COMPROVADO:
1ª parte
            Desde Aristóteles, até hoje, todos os cientistas da área das ciências do homem estiveram de acordo que o “conhecimento” ou a “vida mental” procede da percepção, tida como porta de entrada da realidade da mente. J. Piaget contesta, drasticamente, essa suposição: o “conhecimento” (mesmo o conhecimento figurativo, como a imagem mental) procede da ação.
2
            Do ponto de vista figurativo (ou presentativo), a atividade do organismo, como um pantógrafo, “manipula” o objeto para construir a realidade (atividade perceptiva) e interiorizá-la através da imagem mental (imitação):                      a) a percepção em si é um fato fisiológico “cego”, não fosse a “atividade perceptiva”, isto é, não fosse a atividade analítica da inteligência e
b) a imagem mental é mera imitação interior do objeto (não é, portanto, produto da percepção, mas da atividade).
3
            Do ponto de vista procedural (ou motor e operatório), o pensamento provém da “lógica das ações”, ganhando, progressivamente, autonomia quando se interioriza e adquire as reversibilidades (por inversão e por reciprocidade). Pensar é agir (ação motora, ação verbal e ação mental). Daí a psicologia piagetiana, que penetrou profundamente na “caixa vazia” (consciência, vida mental, atividade neurônica, etc.) continuar a ser a “ciência do comportamento” (para J. Piaget, a linguagem e o pensamento são formas de atividade).
4
            J. Piaget, distingue dois tipos de abstração (dois tipos de resultados da ação): a) abstração a partir do objeto, que fornece ao pensamento uma espécie de maquete da realidade, permitindo que a atividade se desenvolva segundo os “atributos” dos objetos (experiência física ou conhecimento da realidade) e b) abstração a partir da ação, através da qual a atividade “toma consciência” da forma como age sobre os objetos, impondo-lhes determinada ordem (experiência lógico-matemática). O encontro desses dois resultados da ação dá o grau de objetividade do indivíduo e o nível do conhecimento científico.
5
             O comportamento (motor, verbal e mental) resulta, portanto, de uma construção determinada por um compromisso (equilibração) entre a assimilação (esforço do organismo em conformar a realidade a si próprio) e a acomodação (adaptação do organismo à realidade): o resultado, pois, é uma probabilidade.

... (Contínua)

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