terça-feira, 4 de março de 2014

Acomodação (aprendizagem e aumento de conhecimento)

Livro: PIAGET. Sugestões aos educadores
Vocabulário
Introdução aos conceitos fundamentais das teorias de Jean Piaget.   
Editora VOZES
Lauro de Oliveira Lima
Acomodação (aprendizagem e aumento de conhecimento) (Pág. 146/147)
Obs: As palavras acima são referências que lhe ajudarão a compreender melhor a palavra em destaque.


reestruturação invenção evolução
"aprendizagem" descoberta comportamento
problema dificuldade conformação
perturbação pedagogia
agressão do meio reorganização
assimilação cibernética
esquema de ação feedback
paradigma regulação
reconstrução imitação
combinatória jogo simbólico
novidade complexificação




            A acomodação é a reestruturação do esquema (estratégia) de assimilação (não há acomodação senão no curso de uma assimilação). A acomodação é a “aprendizagem” ou o aumento de conhecimento, modificação operativa na forma de agir (pensar). Diante de uma dificuldade (problema), o organismo (a mente): a) recua ou desiste da atividade; b) deforma a situação (mecanismo de defesa ou jogo simbólico) para adaptá-la aos esquemas de assimilação; c) reestrutura o esquema de ação (acomodação). Adaptação. Feita a reestruturação, o organismo (a mente) passa a dispor de um novo esquema de ação que deve ser alimentado (diz-se que houve uma “equilibração majorante”). Essa forma de agir ocorre em todos os níveis do desenvolvimento. A “mudança de paradigma” na pesquisa científica é simplesmente uma “acomodação”. A teoria anterior (esquema de assimilação) não conseguiu explicar (assimilar) totalmente a situação. Quando a criança de colo modifica sua maneira de agir para superar uma dificuldade, faz uma acomodação. Por aí se vê que o aumento de conhecimento (aprendizagem) depende de uma reestruturação do comportamento (motor, verbal ou mental), provocada por um problema (e aí temos uma nova pedagogia). Desta explicação piagetiana decorre o axioma: “não se aprende nada inteiramente novo” o conhecido corresponde à assimilação (o novo é a acomodação). Piaget já quase não falava em assimilação-acomodação. A teoria da equilibração ou da auto regulação explica melhor o que ocorre entre o sujeito e o meio. Note-se que a acomodação pode ocorrer entre esquemas (os esquemas se assimilam mutuamente), caso em que, em vez de adaptação ao meio, houve reorganização motora, verbal ou mental). Quando o organismo (a mente) perde a capacidade de reestruturar-se, o organismo (mente) deixou de desenvolver-se.
            Na linguagem cibernética (que Piaget adota em parte), a acomodação é o efeito do feedback (regulação), com a diferença de que Piaget fala em “equilibração majorante” ou ultrapassagem (complexificação da estrutura). A acomodação é a subordinação do organismo ao meio (a imitação é o melhor exemplo de acomodação). Há assimilação sem acomodação (jogo simbólico das crianças) mas não há acomodação sem assimilação, mesmo porque a assimilação é uma reestruturação da acomodação. – v. Adaptação

A acomodação consiste na complexificação (combinatória) de esquemas anteriores (aumento de mobilidade do esquema). Para Piaget, a evolução é também uma acomodação (“o comportamento como motor da evolução”). Note-se que a expressão acomodação nada tem a ver com o seu sentido corriqueiro (conformação). É precisamente o contrário um esforço de reestruturação para enfrentar as perturbações do meio.

Conceitos de Afetividade - Vocabulário

Na segunda parte do livro do Professor Lauro de Oliveira Lima, “Piaget, Sugestões aos Educadores”, Editora Vozes, encontramos um verdadeiro tesouro para aquelas pessoas interessadas no estudo dos conceitos fundamentais de mestre genebrino.
Com o título, “Vocabulário. Introdução aos conceitos fundamentais das teorias de Jean Piaget”, o professor Lauro de Oliveira Lima explicita noções fundamentais das mesmas que nem sempre aparecem de forma clara nas diferentes traduções e versões, isto somado às próprias dificuldades que os conceitos específicos apresentam.
Neste blog selecionaremos alguns desses conceitos para que o leitor experimente a grande valia deste vocabulário como guia ou orientação de seus estudos.
Também colocaremos frases do professor e de outros pensadores que aparecem no Vocabulário e que são pequenas gotas de epistemologia genética que nos fazem pensar y refletir.
¡Boa leitura!

“Vocabulário. Introdução aos conceitos fundamentais das teorias de Jean Piaget”.
Conceito: Afetividade
(página 150)
forma                                                               estratégia                                           motivação
escala de valores                                            neuroquímica                                     adrenalina
energética                                                       necessidade                                        tônus
Para Piaget os fenômenos psicológicos são sistemas diferenciados de atividade (motora, verbal e mental). A atividade tem duas variáveis: a) uma forma ou estratégia e b) uma energética ou tônus. Estratégia é a inteligência, e a energética, a afetividade. A energética varia de acordo com a necessidade (motivação). O grau de pressão da atividade determina o nível de interesse e os dispêndios de energia. Uma atividade (motora, verbal, ou mental) se realiza com maior o menor grau de interesse (Tônus ou afetividade). O indivíduo esfaimado, por exemplo, come com mais sofreguidão. O jogador empenhado na vitória do seu time joga com alto tônus energético. Quanto mais um objeto (e o objeto pode ser uma pessoa) corresponde à satisfação de uma necessidade (e quanto mais a necessidade é fundamental) mais “afetado” (energizado-tonificado) é o comportamento (motor, verbal ou mental). Cada indivíduo estabelece uma escala de valores ou de prioridades com relação às suas necessidades, podendo fazer de uma delas, por exemplo, um ideal ou objeto (pessoal) privilegiado de seu “amor”. Se compararmos o comportamento com uma partitura musical podemos dizer que a variação sequencial das notas na pauta é a inteligência e as notações sobra a forma de execução a afetividade.

“No desenvolvimento do pensamento operatório, o problema é compreender as relações e as transformações”. (L.O.Lima)

“Aqueles que, neste país, há tanto tempo, refletem sobre os métodos usados no ensino primário, estão cada vez mais convencidos de que são péssimos porque não são adaptados ao estádio mental, moral, e físico das crianças” (USA – Sheldon, 1967).
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