quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Linguagem

Livro: Piaget. Sugestões aos educadores
Vocabulário Piagetiano
Lauro de Oliveira Lima
Editora Vozes
Introdução aos conceitos fundamentais das teorias de Jean Piaget.
Conceito: Linguagem

         “Hermine Sinclair pôde demonstrar as relações entre o desenvolvimento das operações e da linguagem. O ponto-chave da pesquisa foi demonstrar que o desenvolvimento da linguagem não determina o desenvolvimento paralelo das operações, ao passo que o contrário é verdadeiro. As ideias de Chomsky estão mais próximas de minhas concepções” (Piaget). Não aceita, contudo, o mestre o inatismo do Chomsky, considerando que a “lógica da linguagem” é uma transposição para o plano linguístico da “lógica das ações” (o atraso da aprendizagem da linguagem nas crianças, na visão de Piaget, decorre da necessidade de construir-se primeiro a inteligência sensório-motora, cujas estruturas irão ser “dubladas” em forma de linguagem). Não aceita também (como Chomsky) que a infinita criatividade do processo linguístico tenha por base reflexos condicionados (embora o idioma seja aprendido por imitações, a criança que nunca ouve, por exemplo, fazi (ouve apenas fiz), começa dizendo fazi, que é a forma paradigmática (gramática de Chomsky) dos verbos em er (comi, bebi, etc.).

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Temas Piagetianos: É necessário criar uma nova forma de pensar (Parte 2 - final)

Lauro de Oliveira Lima. Livro: Temas piagetianos.
Ed. Ao Livro Técnico
“É necessário criar
uma nova forma de pensar”
Einstein (parte 2)


EINSTEIN
E PIAGET
         A concepção de tempo, espaço, velocidade, simultaneidade, (conceitos eminentemente físicos) varia ao longo do desenvolvimento da criança, de forma radical, como se em cada estágio do desenvolvimento a criança assumisse a forma de um “Einstein” paleontológico. Certa vez conta Piaget, Einstein (após de ouvir uma das suas conferências) pediu-lhe que investigasse como as crianças concebem, sucessivamente, a simultaneidade e a velocidade. Quando em outro encontro, Piaget transmitiu-lhe os resultados (que, por acaso confirmam as teorias einsteinianas), Einstein empolgado, comentou que a psicologia era ainda mais complexa que a física.
         Ora, essa transitividade da maneira de pensar não foi sequer incorporada pelos psicólogos e educadores, da mesma forma como a maioria dos físicos e matemáticos não incorporaram ainda a teoria da relatividade em sua maneira rotineira de pensar. Serão precisos séculos para que as ideias de Einstein sejam digeridas pela humanidade, em seu dia a dia. O mesmo acontecerá, em ciências humanas, com Jean Piaget, cujo centenário ocorrerá ás vésperas do ano 2000 (ele nasceu a 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na Suíça)

Abril, 1979 

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Temas Piagetianos: É necessário criar uma nova forma de pensar (Parte 1)

Lauro de Oliveira Lima. Livro: Temas piagetianos.
Ed. Ao Livro Técnico
“É necessário criar
uma nova forma de pensar”
Einstein (parte 1)

         A 14 de março de 1879, nascia em Ulm, pequena cidade alemã às margens do Danúbio, um menino com a cabeça tão grande e angular que preocupou, consideravelmente, seus familiares. O bebê, que o médico garantiu ser uma criança perfeita, recebeu o nome de Albert Einstein.
         Era como se a História, estivesse unindo o nome de Einstein – precursor de uma nova era – ao de Kepler – artífice da época científica anterior – que morrera nessa mesma cidade de Ulm, berço do maior cientista do século XX – o “Século de Einstein”.
         As teorias einsteinianas provocaram profundas modificações na Física clássica e lhe valeram o Prêmio Nobel de Física, em 1921, pelo seu Efeito Fotoelétrico descrito na Teoria Fotônica da Luz. Mas, acima de tudo, Einstein foi um homem polêmico. Mesmo sendo um pacifista, colaborou para a construção da primeira bomba atômica e, embora acreditasse em Deus, reformulou as leis tidas como eternas. Sua infância também não foi das mais tradicionais. Ele só começou a falar aos três anos de idade e chegou a ouvir de seus professores a vã profecia: “Você nunca chegara a ser coisa alguma na vida”. Entretanto, uma bússola que ele recebeu de presente aos cinco anos de idade e o livro de Geometria de Euclides, já nos 14 anos, despertaram naquele menino uma profunda identidade, com as forças do universo.
         Selecionamos, entre seus pontos de vista, algumas considerações significativas, que transcrevemos a seguir.
         A um estudante:
         - Não se preocupe com as suas dificuldades em matemática. Posso lhe assegurar que as minhas são ainda maiores.
         Sobre a humildade:
- Cada pessoa seriamente empenhada em conquistas científicas se convence da existência de um espírito que preside as leis do universo – um espírito vastamente superior ao do homem e diante do qual nós, com nossos modestos poderes, devemos nos sentir humildes.
         Os prazeres:
         - Não dou a menor importância ao dinheiro. Condecorações, títulos e outras distinções nada significam para mim. Também não vivo a procura de elogios. As únicas coisas que me dão prazer, fora o meu trabalho, o meu barco a vela e o meu violino, são a compreensão e o apreço dos meus colegas cientistas.
Sobre o espírito da ciência
- Sou por natureza inimigo das dualidades. Dois fenômenos ou dois conceitos que parecem diversos me ofendem. Minha mente tem um objetivo supremo: suprimir as diferenças. Assim agindo permaneço fiel ao espirito da ciência que desde o tempo dos gregos, sempre aspirou à unidade. Na vida, como na arte, assim é também. O amor tende a fazer de duas pessoas um único ser. A poesia com o uso perpétuo da metáfora que assimila objetos diversos, pressupõe a identidade de todas as coisas.
         Caso as suas afirmações não se confirmassem:
         - Então eu lamentaria pelo bom Deus, pois a teoria está correta. (continua)...

Abril, 1979 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Professor, espécie em extinção (Parte 2 - final)

Livro: TEMAS PIAGETIANOS
Lauro de Oliveira Lima
EDITORA AO LIVRO TÉCNICO S.A
Indústria e Comércio
Rio de Janeiro – RJ / 1984
Professor, espécie em extinção (2ª parte)
Com a descoberta da imprensa, começa a extinção da função de professor
- O professor do futuro será uma fita cassete? – O programa é si8ntoma de arcaísmo- A bola ou o jogo? – O conteúdo ou a operação? – Motricidade e o grupo de deslocamento – Os paidagogos gregos e o magister ludi romano – A memória da inteligência
...
O NOVO PROFESSOR

         A atual (ou futura) função do professor é estimular o desenvolvimento intelectual sem preocupação com a extensão do conteúdo (o professor moderno já não se utiliza de programas; preocupa-se com as operações em jogo). O profissional que mais se aproxima, hoje, da moderna concepção da função docente é o professor de educação física e o técnico de um time de futebol. Se quisermos, hoje, avaliar o grau de anacronismo de um profissional do magistério, basta medir sua preocupação em “dar o programa”. Os administradores que, reformando os programas, pensam estar modificando o sistema solar... são meros arcaísmos incrustados no tempo presente como mariscos no casco de um navio transatlântico. Se um técnico de futebol, tentasse ensinar aos jogadores a fazer a bola... todos diriam que tinha enlouquecido (a bola é o conteúdo: o que se pretende é ensinar a jogar bola). Extinguiu-se o professor-especialista (em física, química, gramática, história, etc.). O professor voltou a ser o paidagogos grego (educador) que estimula, desafia, sugere, indica, critica, conduz, esclarece, assessora, enfim, “o professor não ensina: ajuda o aluno a aprender”. (L.O.L. Escola Secundária Moderna. ED. Forense Universitária)
         A professora do maternal, ao observar a criança correndo no pátio (como o professor de matemática do pré-adolescente) não está atenta aos conteúdos (tipos de jogos, por exemplo), mas ao número e qualidade das operações de que a criança é capaz (grupo geométrico dos deslocamentos). O que está em jogo, portanto, não é a memória (deixada por conta do banco de dados) mas a operacionalidade. É a esta nova atitude, que se denomina educar pela inteligência. A especialidade do professor moderno é, portanto, o desenvolvimento da criança pela psicogenética.
Outubro, 1978  
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