domingo, 16 de junho de 2013

Pedagogia, Reprodução ou Transformação - O Método Psicogenético - Parte I

Livro: PEDAGOGIA: REPRODUÇÃO OU TRANSFORMAÇÃO
Lauro de Oliveira Lima Editora Brasiliense. Primeiros Voos Nº 9 /1982

Introdução.
O processo educativo começou como uma simples puericultura e iniciação tribal. Aos poucos se foi espraiando ao longo do crescimento da criança, atingindo praticamente todo o período que antecede à maturidade. Fixou-se de forma sistemática nos cursos elementar, médio e superior, num período de cerca de dezesseis anos, dos seis / sete anos aos vinte e três/ vinte e quatro anos. Neste momento, dá-se um vigoroso alargamento deste período para baixo (pré-primário) e para cima (pós-graduação), sem se falar na “educação de adultos” e na “educação permanente”: chegamos, pois, à educação total. Não é mais o interesse de uma classe ou um momento histórico que está em jogo, mas o destino da humanidade. Chegou, pois, o momento de definirmos em que consiste esta ingerência no comportamento dos indivíduos, como são as pessoas que as instituições e as pessoas que a realizam e com que propósito, isto é, chegou a hora de dizermos O QUE É PEDAGOGIA?

O MÉTODO PSICOGENÉTICO
Parte I
... a pedagogia é a prática que tem por objetivo interferir, intencionalmente, e de forma sistemática, no processo generativo do ser humano, com o propósito de criar condições para que se atualizem todas as possibilidades construtivas do código genético na pressuposição de que: a) a construção do indivíduo resulta de interações do genoma (hereditariedade e o meio ‘cósmico’, psicológico e sociocultural) e b) o indivíduo vai atuar dentro de um grupo sociocultural com determinado nível civilizatório, em transição, devendo não só assimilar as regras, valores e símbolos de seu grupo (reprodução da sociedade), como também atuar dentro dele para que prossiga sua evolução (história). Em outras palavras a ontogênese (desenvolvimento do indivíduo, da fecundação ao estado adulto) ocorre dentro do processo filogenético (ou histórico). Ambos os processos são probabilísticos (dependem de interações imprevisíveis, formas e conteúdos), não se podendo colocar como meta (objetivo) da educação um modelo final fixo a alcançar de indivíduo ou de sociedade a alcançar, (a evolução não vai de alfa a ômega, como supôs T. Chardin: é apenas um processo probabilístico, de autorregulação cuja direção (telenomia) depende em cada momento da maior probabilidade, que aumenta à medida que aumentam as possibilidades de combinação).
Observando-se o que ocorre na ontogênese (desenvolvimento individual) e na filogênese (história dos modelos de organização social), pode-se dizer que ambos os processos se fazem no sentido de uma estruturação mais ampla e mais estável com partes, elementos ou subconjuntos cada vez mais móveis, o que permite variações compositivas de comportamento e de organização que tendem para o infinito (“abertura para todos os possíveis”). Este aumento de operatividade (majorância progressiva) permite alcançar os dois objetivos vitais dos organismos vivos: a) a ampliação do espaço vital e b) o aumento do nível de segurança (capacidade de enfrentar, com probabilidades progressivas de êxito, as agressões do meio e a entropia). Temos, pois, à nossa disposição, não um modelo acabado de HOMEM e de SOCIEDADE como meta da educação, mas a direção da maximização e da otimização do comportamento individual (sensório-motor, verbal e mental) e do comportamento coletivo (cooperação ou organização social e política da sociedade). É imprevisível (probabilismo) a forma que tomará o comportamento individual ou coletivo nos graus sucessivos de maximização e de otimização (majorância), pois tudo dependerá dos elementos em jogo. O que se sabe é que a progressão e um processo de autorregulação (equilibração), o que permite criar, artificialmente (intencionalidade), situações de desenvolvimento individual e de evolução coletiva: a intervenção no processo consiste na desequilibração, precisamente o que ocorre no processo espontâneo (“O comportamento como motor da evolução” – Jean Piaget).

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