quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Colégio: esteira de produção (Parte 1)

Lauro de Oliveira Lima. Livro: Temas piagetianos.
Ed. Ao Livro Técnico
Colégio: esteira de produção
(Parte 1)
Escola ou máquina xerox? – Einstein foi um péssimo aluno – Criatividade ou padronização? – Nem palmatória, nem Pedagogia – O orientador virou psiquiatra –Qual o lugar do pensamento divergente?
         Einstein só começou a falar aos três anos de idade e sempre foi considerado como um “péssimo aluno” ... É provável que os alunos reprovados nos nossos colégios, salvo casos de evidente debilidade mental, sejam crianças de elevado nível intelectual. Para adaptar-se à estupida rotina da escola atual e aparecer como “bom aluno” é preciso que o jovem seja extremadamente medíocre; da mesma forma que um indivíduo bem dotado jamais se adapta a mediocridade da rotina burocrática (um bom burocrata é, por hipótese, um débil mental). Um “bom aluno”, como um bom burocrata tem que conformar-se a um processo em que não há lugar para um pensamento divergente, para a criatividade e para soluções imprevistas. O professor (como o chefe da repartição), está ali, de gabarito ou regulamento na mão, precisamente para evitar “erros”, isto é soluções novas...
         Quando meus filhos eram pequenos, adotei como política pedagógica cortar a mesada dos que tirassem notas muito altas na escola: é altamente suspeito para o desenvolvimento mental, o êxito numa escola onde o objetivo é “enquadrar” com referência a determinadas doutrinas, soluções ou formas de agir. A maioria dos professores está muito menos preocupada em produzir um novo Einstein, que em padronizar as crianças pelo parâmetro “ideal” (as escolas assemelham-se a uma máquina xerox, a cópia diferente é eliminada). Daí o prazer (mórbido) com que os professores se utilizam dos exames e das provas.

         Colocou-se dentro das escolas um orientador educacional para proteger as crianças que não se enquadram nas bitolas do regulamento escolar (tentando preservar a originalidade das crianças frente ao rolo compressor das provas-padrão). O resultado foi a criação de um novo inquisidor, farejador de complexos de Édipo, traumas infantis e outras baboseiras pseudo-freudianas. E o problema é, apenas, que o professor é incapaz de entusiasmar a criança pela matéria que leciona, isto é, pelo texto que recita como péssimo locutor. Enquanto o camelô, na avenida, é capaz de parar 100 executivos apressados, um professor não consegue captar o interesse das crianças ao descrever a história do homem neste planeta cheio de aventuras... Toda criança adora colecionar conchas, besouros, flores e, no entanto, o mestre de Biologia não consegue despertar seu interesse pelas formas vitais...

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