quarta-feira, 15 de abril de 2015

O jogo como forma de aprendizagem (parte 2 - final)

Lauro de Oliveira Lima. Livro: Temas piagetianos.
Ed. Ao Livro Técnico
O jogo como forma de aprendizagem
Jogo vs. “ordem unida” – Homo Ludens vs. Homo Faber – O jogo como plenitude da capacidade operativa – Inteligência: quebra da rotina de funcionamento – A felicidade é inteligente – Algoritmos (fórmulas) e estratégias (jogo) – Aprender é jogar.
(Parte 2)
Como se vê, o propósito da educação não é o desenvolvimento da inteligência (jogo), mas a criação do automatismo (exercício). Todo processo educativo realiza-se como se o ser humano não fosse um animal inteligente. Ora, o que está em jogo é, precisamente, a inteligência (criatividade), pois as rotinas sociais, por si, são suficientes para criar hábitos, costumes, automatismos, (mesmo antes de existirem escolas, as crianças aprendiam os costumes e técnicas de sua tribo). Já que a vida social não é lugar próprio para o exercício da inteligência, pelo menos a escola deveria ser essa ilha sagrada onde a criatividade, a invenção e a descoberta tivessem oportunidade de manifestar-se. Mas, ao que parece, há um complô da sociedade inteira para evitar que a inteligência quebre as rotinas estabelecidas.
         “Pode-se dizer que o único professor que realmente educa é o instrutor de educação física, na medida em que ensina a jogar...”
         Um dia compreender-se-á que o processo educativo (a didática, a pedagogia) consiste, apenas, em transformar as situações em jogo (jogo motor, jogo verbal, jogo mental). Uma situação enfrentada através do jogo equivale, estritamente, à utilização da inteligência em sua forma mais pura. Usar a inteligência é, portanto, variar ao infinito as estratégias com que a situação é abordada. Nesse sentido, tanto o filósofo quanto o matemático são jogadores. O físico teórico e o técnico do laboratório exercem atividades epicamente lúdicas. A discussão didática promovida pelo sociólogo também equivale a um jogo mental (onde se buscam as soluções possíveis dos problemas previstos). O jogo é a única atividade tipicamente humana. Promover o jogo é hominizar o homem.

Agosto, 1979

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