terça-feira, 4 de outubro de 2011

Conceituação de Liderança




Capítulo 19
Escola Secundária Moderna
“Como fazer funcionar a Dinâmica de Grupo”
11a Edição - 1976
Lauro de Oliveira Lima
Forense Universitária



Liderança não é uma qualidade individual: é um fenômeno relacional. (de Dinâmica de Grupo). A liderança é emergencial e corresponde ao encontro adequado de uma aptidão  individual com uma situação grupal.
Liderança resulta do incentivo que o grupo faz a um de seus membros para que coordene o grupo quando a situação indica que este membro é o mais apto para levar o grupo ao objetivo



Conceituação de Liderança

  1. A liderança não é, simplesmente, uma “qualidade” de certos indivíduos, mas um fenômeno de caráter social (relacional). Em cada situação da vida grupal, as qualidades do líder são diferentes. Não se pode, pois, enumerar as qualidades de liderança.
  2. è a “situação” e o “grupo” que determinam o tipo de liderança, de modo que não se pode falar praticamente em líder, sem levar em consideração os indivíduos que constituem o grupo e as circunstâncias. A passividade, por exemplo, em certas circunstâncias, pode ser a qualidade exigida do líder. Todo o indivíduo pode, em certo momento, ser líder. A liderança é emergencial.
  3. Em vez de afirmar-se que o líder conduz o grupo, melhor seria dizer que o líder expressa, com sua atitude, o objetivo do grupo em determinada situação. Muitas vezes o grupo força um de seus membros a assumir a liderança, contra a sua vontade.
  4. Não tem, portanto, sentido declarar-se simplesmente, que determinado indivíduo é líder, se não configurarmos o grupo e a situação em que suas aptidões o credenciam para tal. Não se deve confundir o “condutor” nato (caudilho) com o líder emergencial.
  5. Assim, pode-se supor que todo indivíduo com traços marcantes de personalidade pode vir a ser líder em determinadas circunstâncias, conquanto não apresente déficits ou superávits que o afastem, exageradamente, da mediana que caracteriza o grupo. Para ser líder de um grupo, o indivíduo deve com o grupo nivelar-se.
  6. Exigindo a vida grupal, de seu coordenador, alto grau de coerência, unidade lógica, objetividade e capacidade de reversibilidade e associatividade do pensamento (características do integral desenvolvimento do pensamento operatório), não se sustentaria na liderança, por deficiência fundamental, o indivíduo que não possuísse estas qualidades. Dai os autores identificarem “inteligência” como traço comum e universal de liderança. Mas pode ocorrer que um indivíduo, sem esta qualidade básica, lidere, se o objetivo do grupo não exige operacionalidade.
  7. Sendo a vida grupal interação e permanente tentativa de “acomodação”, gera por isso mesmo, intenso clima emocional que dá coesão ao grupo, mas pode agir também como força centrífuga e desagregadora. O líder precisa -  como elemento catalisador - ser capaz de sobrepujar-se às contingências deste clima para  manter o grupo coeso. Doutra forma, transformar-se-á em “caudilho”, que domina pela força, pela inteligência, por aptidões extraordinárias, independentemente da dinâmica real do grupo. Conhece-se o “caudilho” porque ele não recua à posição de simples membro do grupo quando cessa a circunstância que o levou à liderança.
  8. A liderança, quando não é exercida pelo “caudilho”, é extremamente fluida, dada a própria dinâmica do grupo e as variações situacionais. Dentro do mesmo objetivo, o grupo pode mudar de liderança à medida que as exigências da execução do planejamento vai exigindo aptidões diferentes (planejador, argumentador, elaborador, executor, controlador,etc). Se o objetivo do grupo é estereotipado, a liderança pode fixar-se em um de seus membros.
  9. Sendo a liderança um fenômeno típico da “dinâmica do grupo”, não se pode admitir que alguém lidere o grupo sem a ele pertencer. O que se chama de liderança “de fora” do grupo é, simplesmente, chefia baseada num status conferido pela sociedade, pela lei ou pelas circunstâncias pessoais que fazem alguém dominar um grupo. O professor, com relação à classe, por exemplo, é uma “autoridade” e não um líder no exato sentido do termo. É preciso integrar-se no grupo para dele receber a função de liderança.
  10. Os líderes de grupos inferiores ou de minorias tendem a escapar para a periferia do grupo e incorporar-se (pelo prestígio da liderança) no grupo superior ou majoritário. Daí, no trabalho escolar em equipes, os líderes facilmente aderirem ao grupo de professores, muitas vezes perdendo sua liderança natural em troca da “chefia” conferida pelo sistema escolar. Os mais aptos tendem a procurar os grupos em que sua aptidão seja funcional.


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Um comentário:

  1. Há alguns anos, em uma reunião para discutir quem seria o candidato a diretor da escola em que eu cuidava de alunos, a Dired queria nomear alguém para diretor caso ninguém se candidatasse. Eu havia lido esse texto de Lauro de Oliveira Lima e não aceitei a condição da Dired. Provocações feitas, fizemos gente nossa ser gestão.

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