segunda-feira, 5 de setembro de 2011

COMO MOTIVAR OS ALUNOS



(Capítulo 16 - Escola Secundária Moderna - Lauro de Oliveira Lima)

Motivação é o estado psicológico que corresponde ao sentimento de uma necessidade. Provém, portanto, de um desequilíbrio homeostático interno, cuja reequilibração se faz pela ação motora ou smbolizada (representada).
O único meio de provocar motivação é criar uma necessidade de ação, isto é, provocar um desequilíbrio homeostático orgânico ou psicológico. A dúvida e o problema são desequilíbrios motivadores da reflexão.
  1. Todas as técnicas de participação - apelando como apelam para a atividade - são, ipso facto, motivadoras. A participação gera a necessidade de equilibração (adaptação ao meio).
  2. Mas é preciso não esquecer que “nada é tão interessante por si mesmo”. Só o que corresponde à satisfação de uma necessidade se torna interessante. A necessidade pode ser, simplesmente, o exercício funcional. Todo esquema de ação (real ou simbólica) tende a funcionar, por definição, isto é, tende a “alimentar-se”.
  3. O exercício funcional puro e simples de um tipo de atividade psicológica de cresimento (primeiro a repetição, depois a representação, em seguida a verbalização, logo mais a inteligência motora, intuitiva e, finalmente, o pensamento operatório) é, em si, uma fonte de motivação. Técnicas didáticas que a elas correspondam causam prazer e são interessantes. Há, pois, um tipo de motivação para cada estádio do desenvolvimento infantil. Na primeira infância a repetição motiva mais que um problema.
  4. Um obstáculo a realização de um desejo ou propósito é sempre motivador, conquanto não pareça intransponível. Por isto as crianças gostam de adivinhações, enigmas, quebra-cabeças, etc. O correto é apresentar, pois, os temas em forma de situação-problema ou problema-piloto. A resistência do meio (se não for inibidora) aumentas as cargas energéticas de cada ação.
  5. Cuidar de criar nos alunos valores que norteiam sua atividade. O ser humano não se esforça sem objetivos. A própria valorização dos objetivos aceitos e poderosa fonte de motivação. Os valores são os reguladores afetivos da energética da ação.
  6. A futura profissão é interesse a que pode o professor relacionar as atividades didáticas com toda a probabilidade de êxito como força motivadora. Fazer com que os alunos relacionem sua disciplina com a futura profissão. O ser humano é capaz de motivar-se numa ação que tem caráter antecipador de uma adaptação futura.
  7. O casamento e a criação dos filhos é um interesse altamente motivador na adolescência. Se a disciplina tem algum ponto de relação com este aspecto vital, facilmente se entusiasmarão os alunos por ela. A nutrição, proteção e reprodução são necessidades básicas carregadas de alto poder motivador.
  8. Descobrir o ideal de cada aluno, seja ele qual for, e mostrar que a disciplina poderá ajudar a realiza-lo. Se ele se convencer disso, sua tarefa ficará grandemente simplificada. O ideal é um sistema de valores que informa todo o comportamento do indivíduo.
  9. Se você provocar a fome num indivíduo, facilmente fa-lo-á comer: faça o trabalho escolar parecer sempre uma necessidade para o aluno. O trabalho do professor é provocar a “fome intelectual”.
  10. Quando algo na atividade não parecer interessante para o aluno, transformá-lo em meio para atingir um fim desejável. Fazer as crianças se interessarem por livros, que elas aprenderão a ler. É um fato corriqueiro hoje as crianças aprenderem a ler sozinhas, na televisão.
  11. Se os alunos gostarem de você, meio caminho já foi andado. Se, além disso, tiverem admiração por você, sua tarefa de professor será um grande êxito. Os alunos não estudas as disciplinas dos professores que antipatizam. Para que você se mostre contente, elas criarão interesses por seus interesses (os do professor).
  12. Antes de querer ser um sábio, todo aluno deseja ser amado. Mostre que se interessa, pessoalmente, pelo aluno e ele, para não decepcionar, fará todo esforço necessário à aprendizagem. A aprovação do mestre pode ser um decisivo fator de motivação (equilíbrio afetivo).
  13. A Dinâmica de Grupo é a própria força magnética qu eda as linhas de conduta do adolescente. Trabalhe na base de equipe e esta extraordinária força motivadora ficará a serviço de sua disciplina. O adolescente vive a “idade da graça social”. As determinações do grupo são sagradas para ele (temor do isolamento, do “gelo”).
  14. O desejo de aprovação domina como força motivadora todo o crescimento psicológico. Esteja sempre atento a aprovar os bons resultados de seus alunos. Não olhe muito para as falhas. Descubra em tudo os aspectos positivos e dê toda a ênfase a eles. O elogio honesto e sincero é uma poderosa força motivadora desperdiçada pelos educadores.
  15. Seu otimismo e entusiasmo, facilmente contaminam a classe. Se não possui estas qualidades, poderá ser um elemento altamente pernicioso para a juventude. Não esqueça que os alunos (que acreditam em você) procuram adaptar-se ao seu estado de espírito.
  16. A emulação, principalmente de equipes, torna a atividade didática um desafio motivador. Mas não exagere esse recurso, que pode matar o espírito de solidariedade. A emulação cria a coesão no grupo frente ao outro grupo. A coesão dá poder motivador ao grupo.
  17. Prêmios e castigos são elementos de motivação, conquanto não seja indiscriminadamente usados e correspondam à verdadeira capacidade dos alunos. Mas não esquecer que são um desvio do objetivo principal, podendo adquirir força motivadora própria que bloqueia o objetivo verdadeiro que é a aprendizagem. O aluno pode aprender a só trabalhar mediante prêmio e castigo.
  18. Não há trabalho escolar sem atenção. Os recursos audiovisuais são poderosos elementos para garantir a continuidade do interesse e inibir a dispersão dos reflexos de atenção. Mas não se esqueça que eles não vão além dessa fase elementar (percepção concentrada). O encadeamento do raciocínio é que é o verdadeiro polarizador da atenção mental.
  19. A “escola”, como se apresenta atualmente é, pode-se dizer, uma “síntese da vida”. Daí a atividade didática ser, provavelmente, fonte de conflitos diante das solicitações da vida moderna. Os alunos consideram uma “morte-ficação” frequentar a “escola”.
  20. Diante do conflito “vida x escola” (atividade espontânea x atividade sistemática e dirigida), o aluno pode apelar para um dos conhecidos mecanismos de derivação, tornando-se um aluno-problema (transferência - repressão - racionalização - compensação - sublimação - regressão - devaneio - agressão - etc). Os mecanismos de defesa são o recurso que a mente usa para sobreviver...
  21. Não só aparecem com relação à escola e à vida conflitos de dupla atração, que são resolvidos com o esforço da motivação, como certas práticas escolares podem ensejar um conflito de atração-repulsão, profundamente traumatizantes para o adolescente, quando atividades didáticas estão associadas a castigos. a escola deve apresentar-se  como um estímulo ao desenvolvimento, jamais como um ascetismo.
  22. Cada atitude de derivação deve, pois, ser analisada para levar o aluno à auto-resolução do conflito, o que pode ser feito pelas técnicas de psicoterapia de grupo ou de grupo análise. Por vezes, quem deve mudar é a escola e não o aluno.
  23. Todos os recursos que provocam “reflexos de atenção” são úteis para provocar o interesse, mas são geralmente, de pouca persistência em sua manutenção. A atenção assim obtida não é suficiente como força motivadora. A atividade é que concentra a atenção e não os recursos que apelam para a percepção.
  24. As “opiniões” do meio social e do próprio aluno sobre o estudo, em geral, e a disciplina, em especial, são fator básico no processo motivador. Convença, pacientemente, o aluno da importância do trabalho que vai ser realizado. Se um camelô é capaz de convencer um adulto a comprar, você não consegue fazer seu aluno estudar?
  25. Enquanto o aluno não adquire atitude favorável ao trabalho escolar, todos os esforços do professor para faze-lo aprender são baldados. Criar no aluno disposição para aprender é condição indispensável de motivação. Motivado, o aluno dispensa o professor que se torna uma fonte de informação e orientação.
  26. Só uma adesão afetiva (gostar, por exemplo) ao trabalho escolar torna-o desejável. Não se pode fazer da aprendizagem uma mortificação. O esforço mortificante só se produz quando já se estabeleceu um poderoso ideal. Ora, os jovens não tem senão um ideal “difuso” que não os conduz a nenhum esforço específico, salvo os que estão ligados a sua própria funcionalidade (atividades lúdicas).
  27. Se um propósito firme e deliberado não se produz no aluno - isto é, uma auto-motivação intrínseca - as técnicas de motivação terão que apelar para forças circunstanciais e, principalmente, intermediarias, o que redunda num conflito entre os objetivos do professor e os objetivos do aluno.
  28. As resoluções (propósitos) tomadas em situação grupal tem muito maior força motivadora que as meramente individuais. Sempre que uma direção de atividade puder  ser obtida por resolução de grupo, não deve ser apresentada como “ordem”. Os alunos devem, pois, participar do planejamento escolar.
  29. Tudo que parece ordem e imposição cria um sentimento de revolta, mesmo que a conduta externa demonstre submissão. O adolescente quer aprender a dirigir sua própria vida, o que é um direito natural. A resistência deve ser vista como saudável.
  30. Não julgue que é perder tempo transmitir ao aluno os problemas da realidade em conexão com o trabalho escolar. O adolescente está profundamente interessado neles, uma vez que está na fase de integração social. Crie, emocionalmente, níveis de aspiração elevados, que eles se transformarão em forças motivadoras. Sempre que as aulas parecerem referir-se a problemas vitais ou sociais, a motivação surge espontâneamente.

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